Uso da dexmedetomidina no choque séptico: estudo experimental dos efeitos hemodinâmicos, metabólicos e inflamatórios / Dexmedetomidine in a porcine model of septic shock: hemodynamic, metabolic and inflammatory effects

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/01/2011

RESUMO

A dexmedetomidina, fármaco da classe dos α2-agonistas, é amplamente empregada no paciente gravemente enfermo por seus efeitos de analgesia e sedação, porém seu comportamento nas situações de sepse e choque séptico é pouco estudado. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos hemodinâmicos, metabólicos e inflamatórios da dexmedetomidina em modelo suíno de choque séptico. Foram utilizadas 18 fêmeas suínas (peso médio 23,5 kg), divididos em três grupos. O grupo SHAM foi submetido apenas à anestesia. O grupo CH recebeu infusão intravenosa de E. coli O55 (3x109 ufc/mL) de 0,75 ml/kg durante 1 hora. Os animais do grupo CHDEX receberam a mesma infusão de bactérias vivas, associada à infusão de dexmedetomidina 0,7 μg/kg em 10 minutos seguida de 0,5 μg/kg/h até o fim do experimento. Foi considerado T0 o momento do fim da infusão da bactéria, e os animais foram observados por 240 minutos. Os animais receberam tratamento com fluidoterapia e/ou norepinefrina para manutenção da PVC 8 mmHg e PAM 65 mmHg. O modelo proposto mimetizou as alterações presentes na sepse grave e choque séptico, com colapso circulatório, lesão pulmonar aguda e acidose metabólica. Houve tendência de maior depressão cardiovascular em CHDEX (índice cardíaco em T240: 2,8±0,5 L.min-1.m-2 para CHDEX; 3,6±1,7 L.min-1.m-2 para CH e 4,7±1,1 L.min-1.m-2 para SHAM). Não houve diferença estatística entre os grupos CH e CHDEX, à exceção da SvO2 (62,5±9,0% para CHDEX, 74,2±9,1% para CH em T180), do consumo de oxigênio (149,90±25,62 mL.min-1.m-2 para CHDEX, 111,49±21,59 mL.min-1.m-2 para CH em T0), da taxa de extração de oxigênio (43±20% para CHDEX, 25±11% para CH em T240) e do Pr-Pa (53±14mmHg para CHDEX, 35±11mmHg para CH em T0). A diminuição no IC justifica a diminuição dos parâmetros de oxigenação. Os níveis plasmáticos de TNF-α, IL-1β, IL-6 e IL-10 aumentaram de forma mais pronunciada em CH, mas não houve diferença estatisticamente significativa com relação a CHDEX. Ambos os grupos não diferiram em relação ao débito urinário e tratamento de ressuscitação empregado. Frente aos resultados obtidos pode-se pressupor que a dexmedetomidina pode desencadear desequilíbrio entre oferta e consumo de oxigênio por afetar diretamente a microcirculação. Sugere-se que o emprego da dexmedetomidina no choque séptico seja alvo de mais estudos e discussões.

ASSUNTO(S)

choque séptico citocinas cytokines dexmedetomidina dexmedetomidine inflamação inflammation porcine septic shock suíno

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