Tratamento da distonia cervical com fisioterapia: estudo de 20 casos / Cervical dystonia and physical therapy: a case study of 20 subjects

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

21/05/2012

RESUMO

INTRODUÇÃO: Apesar da terapia com toxina botulínica ser o tratamento de escolha para a distonia cervical, admite-se que um tratamento multidisciplinar, agregando a fisioterapia ao tratamento com toxina botulínica, poderia acrescentar maiores benefícios aos pacientes com distonia cervical; sendo assim, o objetivo primário deste estudo foi avaliar o efeito da associação da toxina botulínica a um protocolo de fisioterapia na gravidade da distonia cervical, incapacidade e dor; e o objetivo secundário foi avaliar o efeito desta associação na qualidade de vida de pacientes com distonia cervical. MÉTODOS: Participaram deste estudo controlado aberto quarenta de setenta pacientes com distonia cervical, tratados no Ambulatório de Distúrbios do Movimento do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Antes de serem submetidos à aplicação da toxina botulínica, os pacientes foram avaliados por um médico da equipe, e esperava-se que neste dia os pacientes estivessem sem a ação da medicação. Todos os pacientes avaliados foram convidados a participar do programa de fisioterapia, e conforme a disponibilidade de aderir ao programa dos mesmos, chegou-se ao número de vinte pacientes em G1 (fisioterapia e toxina botulínica) e vinte pacientes em G2 (toxina botulínica), sendo esta amostra de conveniência. Para G2, foram escolhidos os primeiros vinte pacientes consecutivos que não poderiam aderir ao programa fisioterapêutico. Os pacientes de G1 e G2 foram reavaliados após quarenta e cinco dias. As escalas utilizadas foram a Toronto Western Spasmodic Torticollis Rating Scale (TWSTRS) e a Short-Form Health Survey (SF-36). Foi proposto um novo modelo de tratamento para pacientes com distonia cervical que seriam submetidos a um protocolo fisioterapêutico, baseado em três principais abordagens: aprendizagem motora, cinesioterapia e estimulação elétrica funcional na musculatura antagonista ao padrão distônico. Os pacientes de G1 foram tratados por um período de quatro semanas, a frequência era diária (cinco vezes por semana) e a duração da sessão em média uma hora e quinze minutos. RESULTADOS: As características demográficas iniciais dos indivíduos não diferiram significativamente entre os dois grupos tratados, em apenas um dos itens avaliados (tempo de tratamento) houve diferença entre grupos no momento inicial. Os resultados dos tratamentos na qualidade de vida foram avaliados pela escala SF-36, esta dividida em dois grandes domínios: aspectos físicos e aspectos emocionais. Em relação aos aspectos físicos, G1 apresentou melhora significativa comparando-se antes e depois do tratamento (intragrupo) em três subdomínios: capacidade funcional, limitação por aspectos físicos e dor; em G2 não houve melhora significativa em nenhum dos quatro subdomínios. Houve também uma diferença entre G1 e G2 depois dos tratamentos (entre grupos) em dois subdomínios: limitação por aspectos físicos e dor. Em relação aos aspectos emocionais, em G1, houve melhora significativa nos seguintes subdomínios depois do tratamento (intragrupo): vitalidade, aspectos sociais e saúde mental. Houve também uma diferença entre G1 e G2 depois dos tratamentos (entre grupos) em dois subdomínios: vitalidade e saúde mental. Não houve melhora em G2 nos subdomínios dos aspectos emocionais. A avaliação das características e gravidade da distonia cervical, medida pela TWSTRS, demonstrou melhora significativa de G1 e G2 após os tratamentos que foram submetidos (intra grupos) em duas subescalas: gravidade (I) e incapacidade (II). Na subescala de dor (III), apenas G1 apresentou melhora intragrupo após o tratamento a que foi submetido; houve também, neste mesmo subdomínio, diferença significativa entre G1 e G2 depois dos tratamentos, entre grupos. CONCLUSÕES: O presente estudo avaliou possibilidade de que a utilização da toxina botulínica, junto a um protocolo de fisioterapia facilmente reprodutível, poderia agregar melhoras em sintomas como gravidade da doença, incapacidade, dor e qualidade de vida de uma população de indivíduos com distonia cervical, e os resultados obtidos permitiram negar as hipóteses nulas. Novas pesquisas são necessárias para confirmar esses achados e solidificar a reabilitação neurológica como um tratamento eficaz no manejo da distonia cervical

ASSUNTO(S)

botulinum toxins type a cervical dystonia fisioterapia physical therapy qualidade de vida quality of life torcicolo toxinas botulínicas tipo a

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