Subjetividade do homem idoso e a relação com a não adesão no tratamento anti-hipertensivo. "Estudo dos indivíduos do sexo masculino cadastrados no programa de saúde da familia na região leste de São Paulo"

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

O mundo está passando por transformações demográficas, refletindo em um envelhecimento populacional, acarretando mudanças nos aspectos sociais e econômicos. No Brasil, nos próximos 20 anos, a população idosa poderá ultrapassar os 30 milhões de pessoas, quase 13% da população, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BRASIL, 2003). Dentre as doenças que acometem os idosos, a hipertensão arterial é a mais freqüente, aparecendo em 60 a 70% dessa população. É freqüente em um mesmo idoso a presença de duas ou mais doenças, o que causa uma maior demanda na saúde pública. Em relação ao gênero, vários estudos demonstram que existe menor adesão ao tratamento por parte da população masculina. A partir desse contexto, decidi refletir sobre os aspectos culturais, sociais e cognitivos do homem idoso hipertenso e a não adesão, compreender a percepção que o homem apresenta em relação à ação medicamentosa e aos profissionais da saúde. Tratou-se de um estudo qualitativo descritivo, pois a abordagem realizada permaneceu a serviço da pesquisa, com o objetivo de tirar o melhor possível dos saberes desejados.(LAVILLE,1999). Procurei compreender os problemas que surgem no campo social, a fim de contribuir para a solução dos mesmos. Os sujeitos da pesquisa foram homens idosos hipertensos que não aderem ao tratamento, cadastrados em uma Unidade Básica da Saúde da Família, localizada na Região Leste da Cidade de São Paulo. Na tentativa de conhecê-los, foi aplicado um instrumento de coleta com perguntas abertas na forma de entrevista semi-estruturada, quando procurei me aproximar dos seus códigos culturais por meio dos seus discursos. A partir da fala dos depoentes, visualizei as dificuldades vivenciadas por eles em relação à não adesão ao tratamento. Para análise dos dados, foram utilizados elementos teóricos, valorizando a riqueza dos relatos dos depoentes, o referencial desenvolvido pelo antropólogo Geertz e o método Paidéia de Campos. A partir da análise realizada, observei que para uma parcela dos sujeitos, o envelhecimento é visto como o fim da vida, uma fase na qual não se deve criar perspectivas referentes à qualidade de vida, enquanto para outros, apesar de ser difícil, como verbalizaram, o envelhecer aparece como uma oportunidade para conhecer e realizar o que dá prazer. Colaboram para a não adesão a presença do alcoolismo e a dificuldade de comunicação entre os profissionais e usuários. Os fatores socioculturais apareceram como contribuintes para a construção da subjetividade masculina, favorecendo uma desvantagem em termos de morbi-mortalidade do homem em relação à mulher. Conclui-se que a falta de eqüidade nos serviços oferecidos em relação à atenção à saúde do homem influencia diretamente e tem impacto na sua não adesão ao tratamento

ASSUNTO(S)

aspectos subjetivos aged men ciências sociais aplicadas not adhesion to the treatment não adesão ao tratamento subjective aspects homens idosos idosos hypertension elderly men hipertensão

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