Subdiagnóstico da doença pulmonar obstrutiva crônica na atenção primária / Underdiagnosis of chronic obstructive pulmonary disease in primary care

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

02/05/2012

RESUMO

A Doença obstrutiva pulmonar crônica (DPOC) é uma doença com manifestações sistêmicas, causada principalmente pelo hábito de fumar e é caracterizada pela obstrução brônquica progressiva irreversível ou parcialmente reversível. Os sintomas respiratórios incluem dispneia, sibilância, tosse e expectoração. As características sistêmicas incluem disfunção do músculo esquelético, perda de peso, depressão, ansiedade, osteoporose, risco aumentado de doenças cardiovasculares. Está relacionada, principalmente, ao hábito de fumar e à exposição à fumaça de biomassa. A realização da espirometria em populações de alto risco é um método simples e eficaz para a detecção da DPOC. O diagnóstico na fase inicial da doença possibilita a aplicação de medidas preventivas em relação ao tabagismo e ao ambiente de trabalho. No Brasil, o subdiagnóstico da DPOC decorre, entre outros fatores, da sub-utilização da espirometria, do baixo índice de diagnóstico médico nas unidades de atenção primária e do desconhecimento do paciente sobre o risco da doença. O objetivo deste trabalho é investigar o subdiagnóstico da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) em unidades básicas de saúde e os fatores a ele associados; identificar indivíduos com critérios clínicos e funcionais de DPOC; detectar casos de subdiagnóstico nos indivíduos com DPOC e verificar o grau de utilização da espirometria como método diagnóstico da DPOC na rede primária. O estudo foi analítico, observacional e transversal. Foram recrutados 200 indivíduos com idade de 40 anos ou mais e que tinham história de tabagismo de pelo menos 20 anos / maço e exposição à fumaça de biomassa. Participantes responderam a um questionário sobre dados demográficos, sintomas, diagnóstico médico prévio e foram submetidos à espirometria pós broncodilatadora. DPOC foi definida como uma relação volume expiratório forçado no primeiro segundo sobre capacidade vital forçada menor que 0,7. Foi considerado como tendo diagnóstico prévio aqueles indivíduos que responderam afirmativamente a uma das perguntas sobre se haviam recebido diagnóstico médico prévio de enfisema, bronquite crônica ou DPOC. Foram avaliados 200 indivíduos, dos quais, 63 apresentaram critérios para DPOC. Nestes indivíduos houve um percentual de subdiagnóstico de 71,4%; média de idade foi de 65,9 10,5 anos; predomínio do sexo masculino. Não houve diferença entre os subgrupos com e sem diagnóstico prévio em relação fatores demográficos e fatores de risco. Os indivíduos com DPOC e com diagnóstico prévio apresentaram diferença estatisticamente significante no tocante à expectoração, chiado e dispneia, quando comparados ao subgrupo sem diagnóstico prévio (p=0,047, p=0,005 e p =0,047). A dispneia, nos indivíduos com diagnóstico prévio, foi classificada como MRC 2 em 44,4 %. O VEF1 e VEF1/CVF, em percentual do previsto, foram significativamente menores nos indivíduos com diagnóstico prévio e a DPOC foi predominante leve a moderada em ambos os grupos. Existe um percentual considerável de subdiagnóstico de DPOC nas unidades estudadas; um terço dos pacientes com fator de risco avaliados apresentaram critérios clínicos e funcionais para DPOC e o grau de utilização da espirometria para diagnóstico da DPOC foi insignificante.

ASSUNTO(S)

dpoc atenção primária diagnóstico espirometria pneumologia copd primary diagnosis spirometry

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