Sobre a produção de bens e males nas cidades : estrutura urbana e cenários de risco à saúde em áreas contaminadas da região metropolitana de São Paulo / On goods and harms production in the cities: urban structure and health risk scenarios in contaminated areas of São Paulo Metropolitan Region.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Nos primeiros anos de 2000, as áreas contaminadas emergiram como motivo de preocupação para a sociedade paulista, configurando-se como problema de ordem ambiental, sanitária e urbanística. Para além do factual, as áreas contaminadas se mostram fenômenos representativos e simbólicos de um modo histórico de produção e reprodução do capital de bases urbanas e fabris. Elas são expressão tardia de um modelo de desenvolvimento extremamente agressivo, cujas manifestações mais agudas se dão nas cidades. Nas tensões e contradições que marcam as paisagens urbanas contemporâneas, apresentam-se perturbadas as condições de se promover saúde. Uma das razões do negar saúde nas cidades é o modo como nelas se fez uso da química para produzir mercadorias de toda ordem, entendendo-se que, por muito tempo, a confiança na química foi extensão direta da confiança no progresso. A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), onde historicamente ocorreram processos acelerados de urbanização e concentração de população, é emblemática da distribuição desigual dos proveitos e dos rejeitos da grande maquinaria de produção que caracteriza a sociedade racional moderna. Nela se fomentam riscos e angústias derivadas da espoliação social e da exposição humana a toda sorte de rejeitos da civilização moderna. Na RMSP estão atualmente cadastradas 1254 áreas contaminadas, cuja distribuição obedece à lógica do modo como seu território foi estruturado. Os cenários de risco à saúde que se configuram pela contaminação do solo metropolitano podem ser analisados a partir da localização e das interações que se estabelecem entre as fontes potenciais de contaminação do solo e as populações que as acercam. O objetivo da pesquisa é interpretar as relações entre a produção de cenários de risco à saúde e a estrutura metropolitana, tendo por referência a contaminação do solo e das águas subterrâneas por substâncias químicas tóxicas. A hipótese central é que os cenários de risco à saúde se conformam e se distinguem na lógica da estruturação urbana, sendo elementos importantes para interpretar a qualidade de vida nas grandes cidades contemporâneas. A pesquisa se detem na abordagem histórica e conceitual do assunto para, em seguida, analisar espacialmente as relações entre os elementos estruturantes do espaço urbano e as áreas contaminadas. Para tal, faz uso de dados gerais de natureza demográfica, sócio-econômica e ambiental, bem como de dados espaciais das fontes potenciais de poluição e das áreas contaminadas. Com isto, observam-se na RMSP cenários distintos de riscos à saúde devido à contaminação do solo, seguindo a lógica da estrutura metropolitana. O enfrentamento do problema demanda visão ampliada e políticas públicas integradas de saúde, de meio ambiente e de desenvolvimento urbano.

ASSUNTO(S)

risk risco são paulo estruturas urbanas são paulo saúde ambiental urban environment urban structure meio ambiente urbano environmental health

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