Sexo não é brincadeira: o sentido de infância para adolescentes inseridas na exploração sexual comercial

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Observamos que a infância vem sendo alvo de grande preocupação nos tempos atuais, constituindo-se em diversos contextos, dentre eles, o da exploração sexual comercial (ESC). A vivência de tal processo de violência traz implicações para a constituição do sujeito. Nesse sentido, esta pesquisa objetivou compreender como adolescentes em situação de exploração sexual comercial significam a infância. Participaram da pesquisa quatro adolescentes do sexo feminino, com idades entre 12 e 17 anos, atendidas pelo Programa de Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes (Sentinela). Para composição do corpus de pesquisa, aliamos a entrevista semi-estruturada a outros procedimentos, como histórias infantis, desenho e fotografia. Acrescente-se a esses procedimentos a análise documental e a construção de um álbum da história de vida de cada participante. O corpus foi analisado à luz da Análise de Conteúdo Temática. Cinco eixos temáticos emergiram dos relatos das participantes e das reflexões teóricas, a saber: dinâmica familiar, processo de escolarização, ludicidade, concepção de infância e o processo de inserção na ESCCA. Pudemos observar que as participantes têm uma concepção de infância marcada pela idéia desta enquanto fase de preparação e de educação para o ingresso na cultura adulta. Ou seja, enquanto não cresce, a criança vai à escola, brinca, mora com a família, é feliz e não tem responsabilidades. Porém, a vivência de infância dessas meninas foi comprometida por situações de negligência, especialmente materna, abuso sexual, trabalho infantil, institucionalização e, evidentemente, de exploração sexual comercial. Entendendo que as vivências de infância, assim como a inserção na ESCCA, são constitutivos do sujeito, investigamos como essa inter-relação se manifesta nas perspectivas de futuro das participantes. Essas definem suas metas com base na constituição de uma família e na formação profissional, embora sejam atravessadas por sentimentos como desilusão e pessimismo, em alguns momentos. Diante desses resultados, apontamos para a necessidade da efetivação de propostas de melhoria concreta na qualidade de vida dessas adolescentes, a partir das quais poderão criar alternativas para superar os diversos riscos aos quais estão expostas, em especial a condição de ESCCA

ASSUNTO(S)

constituição do sujeito commercial sexual exploitation psicologia significação de infância exploração sexual comercial meaning of childhood personal constitution

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