Segurança alimentar e nutricional de crianças do semi-árido brasileiro e sua relação socioeconômica e de saúde

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

As prevalências de insegurança alimentar (IA) são mais acentuadas no Norte e Nordeste do que no restante do Brasil, demonstrando a estagnação das desigualdades regionais históricas. A região do semi-árido se destaca por evidenciar as mais desfavoráveis condições de vida. Assim, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar a situação de segurança alimentar e nutricional de crianças menores de cinco anos de idade, residentes no município de Crato, região do Cariri Cearense. Foram analisados dados socioeconômicos, demográficos, assistência de saúde e situação nutricional por meio de questionário pré-codificado e situação de segurança alimentar e nutricional a partir da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). A pesquisa teve um desenho do tipo transversal, de amostragem probabilística por conglomerado. As unidades amostrais, em primeiro plano, foram as Unidades Básicas de Saúde, obtidas por sorteio aleatório simples. Em segundo plano, envolveu as crianças que foram vacinadas no Dia D da segunda fase da Campanha Nacional de Vacinação, em 14 de agosto de 2010, por amostragem sistemática. Foi realizada associação entre as condições sócio-econômicas, condições de saúde e de nutrição com a situação de insegurança alimentar por meio de teste Qui-Quadrado (c2), fixando o p <0,05. As Razões de Chance (RC), Intervalo de Confiança de 95% e respectivos valores de p foram calculados para regressão logística múltipla, haja vista a análise de fator de risco para IA. Os resultados são referentes a 370 responsáveis de crianças, demonstrando que 58,1% das famílias se encontravam em IA, sendo 33,2% com IA Leve. Na área rural as chances de IA foram maiores que na área urbana (RC=2,2), porém, a gravidade de IA foi maior na área urbana (7,9%), com p<0,05. As condições de baixa escolaridade e cor não-branca do responsável, baixa renda per capita, baixa classificação social, utilização de benefício social, elevado número de moradores e crianças menores de cinco anos por domicílio foram significativamente associadas a IA. A regressão logística apontou como indicadores de maior impacto para IA: no nível socioeconômico, a renda familiar per capita; no nível de assistência em saúde, a visita do Agente Comunitário de Saúde e cobertura da Estratégia Saúde da Família, pré-natal com número de consultas insuficientes e falta de educação alimentar; e, no nível de morbidades, destaca-se a ocorrência de febre e tosse nos últimos 15 dias. Não houve associação de desnutrição nem de sobrepeso com a IA, mas foi observada a alta prevalência de sobrepeso em detrimento da desnutrição, caracterizando a rápida transição nutricional presente também nesta região. Assim, a EBIA se mostrou como indicador de vulnerabilidade social, dissociado dos distúrbios nutricionais. Apesar disso, percebe-se a necessidade de programas direcionados à educação alimentar dessas famílias e adequação das ações sociais e de saúde para as populações em IA.

ASSUNTO(S)

nutricao food security socioeconomic factores child health semi-arid semiárido segurança alimentar e nutricional fatores socioeconômicos saúde da criança

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