Risco de desenvolvimento de Melanoma em pacientes portadores de Nevo Melanocítico Congênito Gigante

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

27/02/2012

RESUMO

FUNDAMENTOS: O nevo melanocítico congênito gigante, lesão melanocítica presente ao nascimento e que atinge 20 cm ou mais na vida adulta, possui ocorrência estimada em menos de 1:20.000 recém-nascidos e é considerado fator de risco para o desenvolvimento do melanoma. A magnitude da incidência de malignização, porém, é controversa. OBJETIVOS: Descrever aspectos clínicos e epidemiológicos dos portadores de nevo melanocítico congênito gigante atendidos no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais e avaliar o risco de desenvolvimento de melanoma nessa população. MÉTODOS: Estabeleceu-se uma coorte prospectiva que incluiu os casos de nevo melanocítico congênito gigante observados no período de julho de 1999 a julho de 2011. As seguintes variáveis foram avaliadas: idade de início do acompanhamento, gênero, cor da pele, características do nevo, tempo de seguimento, história pessoal de melanoma, avaliação neurológica clínica e por imagem, presença de melanose neurocutânea, associação com outras alterações cutâneas ou extracutâneas, tipo de tratamento realizado, história familiar de melanoma, de múltiplos nevos adquiridos e de nevos congênitos. O risco cumulativo de desenvolvimento de melanoma (análise de sobrevida) e a razão de morbidade padronizada foram calculados para os pacientes acompanhados de forma prospectiva por pelo menos um mês. RESULTADOS: Foram incluídos 63 pacientes. Na análise do risco de melanoma, um paciente foi excluído por já apresentar o diagnóstico do tumor à época de entrada no trabalho, e cinco foram retirados por apresentarem tempo de seguimento insuficiente. Os 57 indivíduos remanescentes foram acompanhados por um período médio de 5,5 anos (mediana: 5,2 anos). A idade de entrada no trabalho teve mediana de 2,6 anos. Houve equivalência entre os gêneros na amostra (50,8% eram do sexo feminino). Quanto à cor da pele, os brancos correspondiam a 54,0% dos indivíduos, os pardos a 41,3%, e os negros a 4,7%. A localização mais frequente do nevo foi o tronco (69,8%), sendo que 30,2% do total apresentavam nevo em calção de banho. Nevos melanocíticos satélites estavam presentes em 84,1% dos casos. Não houve casos de melanose neurocutânea sintomática. A maioria dos pacientes (77,8%) foi submetida somente à observação clínica. O nevo foi parcialmente removido em 11 casos (17,4%) e submetido à ressecção total em apenas três pacientes (4,8%). O melanoma ocorreu em dois (3,5%) dos 57 indivíduos. O risco cumulativo em cinco anos para o desenvolvimento do melanoma foi de 4,8% (IC 95%: 1,9 a 11,5%). A razão de morbidade padronizada (risco relativo) foi de 1584 (IC 95%: 266-5232; p <0,001). CONCLUSÕES: A população estudada assemelha-se às de outros trabalhos quanto à idade ao início do acompanhamento, à localização mais frequente do nevo, à presença de lesões satélites e ao risco cumulativo de melanoma. A entrada dos pacientes no trabalho ocorreu de forma precoce, e o tempo de seguimento foi relativamente longo, semelhante aos dos outros estudos prospectivos sobre o tema. Essas duas características conferem qualidade ao banco de dados. Ao contrário de outros trabalhos, não se observou predomínio do sexo feminino na amostra. Outro achado que difere da maioria dos estudos é o elevado percentual de pacientes não-tratados, o que representa uma oportunidade de se compreender melhor a história natural da lesão. O presente estudo corrobora os dados da literatura, demonstrando que os pacientes portadores de nevo melanocítico congênito gigante possuem maior risco de desenvolver melanoma do que o restante da população.

ASSUNTO(S)

dissertação da faculdade de medicina da ufmg. câncer teses. nevo pigmentado/congênito decs anormalidades congênitas decs melanoma decs neoplasias cutâneas decs ferimentos e lesões decs dissertações acadêmicas decs

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