Resultados da intervenção interdisciplinar precoce em crianças com fissura labiopalatal atendidas no centro de tratamento de fissuras

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Fissuras labiopalatais são importantes devido às suas repercussões estético-funcionais. A orientação precoce para detecção dos fatores negativos e sua correção contribuem para o desenvolvimento adequado e manifestação do potencial genético da criança. O crescimento de pacientes com fissura pode ser controverso. Nosso objetivo foi verificar a influência da orientação precoce ou tardia para crianças com fissura. Os indicadores usados foram desempenho alimentar e o crescimento corporal. Foram alocadas, em dois grupos, 138 crianças: grupo precoce (GP) até 89 dias de vida e grupo tardio (GT) 90 dias ou mais. Foram realizadas entrevistas, para obtenção de: dados alimentares, socioeconômicos e tipo de fissura. Avaliações antropométricas foram realizadas ao nascimento, 1, 3, 6, 9 e 12 meses. Os pontos de corte usados para identificação de prejuízo do crescimento foram percentil 5 e 2DP da média. Para identificação de baixo desempenho alimentar, foi utilizada a velocidade de mamada menor que 3,3 ml/min. Fez-se a comparação das variáveis antropométricas entre os grupos e as curvas da Organização Mundial de Saúde. Houve predomínio do sexo masculino na amostra como um todo. O GT mostrou maior tempo de mamada (p=0,013), menor ingestão de leite (p=0,000), maior ocorrência de refluxo nasal (p= 0,047), maior freqüência de uso de farinha (p= 0,000) e leite de vaca integral fluido ou em pó (p=0,000). A utilização do bico fixado no lado da fissura (p= 0,0028), a ocorrência de úlcera de vômer (p=0,033), escolaridade materna superior a 8 anos (p =0,004), uso de fórmula láctea (p= 0,001) e de sonda naso-gástrica (p= 0,026) foram mais freqüentes no GP. Não houve orientação em 17% dos casos. As fissuras de lábio relacionaram-se a pequeno refluxo nasal e ao uso de leite materno por sucção (p= 0,02). Úlcera de vômer (p=0,001), tempos prolongados de mamada (p=0,000), leite de vaca (p= 0,001) e leite materno por ordenha (p=0,030) associaram-se às fissura de lábio e palato e fissura de palato. Fissura de palato relacionou-se à micrognatia (p=0,002) e, fissura de lábio e palato ao menor número de filhos (p=0,042). Não houve diferença do crescimento entre os grupos. Ao relacionarmos às curvas da Organização Mundial de Saúde houve comprometimento para ambos os grupos com 1 mês de idade nas avaliações: peso/altura ( 1,77 DP) e peso/idade (-1,48 DP). O GT apresentou maior comprometimento para peso/idade, estatura/idade (-1,8 e -1,05). GT manteve crescimento comprometido aos 3 meses. Aos 6 meses houve recuperação do crescimento para ambos os grupos. As condutas adotadas que se relacionaram com o GP foram: aumento do volume das mamadas (p=0,036) e complementação do volume (p=0,000). As crianças com fissura de lábio e palato ou fissura de palato, por orientação às famílias, tiveram: aumento do volume oferecido (p=0,04), complementação do volume (p=0,001) e uso de óleos ou triglicerídeos de cadeia média (p=0,019). Crianças com fissura de lábio foram orientadas sobre o aleitamento materno. Podemos concluir que a precocidade no atendimento determina melhor padrão de crescimento e desempenho alimentar ao compararmos os grupos com o padrão de referência da Organização Mundial de Saúde, embora tenha havido diferença na comparação dos grupos entre si.

ASSUNTO(S)

pediatria teses. antropometria decs educação de pacientes como assunto decs dissertações acadêmicas decs crescimento e desenvolvimento decs criança decs lábios anomalias teses. comportamento alimentar decs dissertação da faculdade de medicina. ufmg. fenda labial decs educação em saúde decs

Documentos Relacionados