Relações hídricas e fotossíntese em espécies lenhosas de um cerrado stricto sensu em São Carlos, SP.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

Neste trabalho foram obtidos valores de potencial hídrico antes do amanhecer (Ψaa) inicial (Ψi) e matinal (Ψ, entre 10:00 e 11:30 h), e valores matinais de trocas gasosas entre a folha e a atmosfera nas estações seca e chuvosa em espécies lenhosas de um cerrado stricto sensu localizado na região Sudeste do Brasil, estado de São Paulo, no município da cidade de São Carlos (2158 S-4752 W, 850 m de altitude). Oito espécies foram estudadas obtendo-se valores de potencial hídrico foliar Ψl durante dois cursos diários na estação chuvosa e dois cursos diários na estação seca. Na estação chuvosa as condições meteorológicas foram relativamente semelhantes quanto aos valores máximos de temperatura, número de horas de brilho solar e déficit de pressão de vapor (DPV). No entanto as espécies estudadas apresentaram valores médios de potencial hídrico mínimo Ψmin e integrado (IΨ) diferentes. Na época seca os valores máximos de temperatura, número de horas de brilho solar e DPV foram distintos entre os cursos diários mas não houve diferenças entre os valores médios de Ψmim e IΨ. As condições impostas na época seca (principalmente um estresse hídrico moderado na rizosfera) podem ter provocado uma reação diferenciada desde o início do dia, promovendo o fechamento estomático e evitando maiores variações do estado hídrico foliar mesmo sob valores de DPV duas vezes maiores em relação à época chuvosa. Ainda neste âmbito foram comparados os valores médios de Ψmin com os valores obtidos em outros ecossistemas (savanas Norte australianas e vegetação de Clima Mediterrâneo). Devido à uma precipitação mais elevada e distribuída de maneira mais uniforme durante o ano na área ocupada pelo cerrado, e a capacidade de manutenção do estado hídrico foliar na seca, as espécies lenhosas do cerrado stricto sensu apresentaram os maiores valores de Ψmin, seguidas pela espécies de savana Norte australiana e, com os menores valores de Ψmin, as espécies de Clima Mediterrâneo. As suposições iniciais tentando explicar os diferentes comportamentos de Ψmim e IΨ entre as estações seca e chuvosa foram confirmadas no capítulo 2. Neste segundo e último capítulo foram medidos os valores de trocas gasosas em 23 espécies lenhosas: fotossíntese líquida (A), condutância estomática (gs), transpiração (E) e concentração interna de CO2 na câmara subestomática (Ci). Todas as 23 espécies estudadas (incluindo as 8 do capítulo 1) apresentaram valores bem mais reduzidos de gs na época seca (78% de redução, em média), confirmando que na estiagem de inverno há uma redução acentuada dos valores de gs capazes de diminuir a transpiração matinal em 33% devido a um fechamento estomático (redução de gs sob maiores valores de DPV). Devido a uma abertura média menor do poro do aparato estomático ocorreu também um aumento da resistência à difusão do CO2 atmosférico para a câmara subestomática, diminuindo a oferta de substrato (CO2) para a fotossíntese. Este fato pode explicar, em parte, a diminuição (- 35%) dos valores de A na época seca. Como os valores médios de A e E diminuíram proporcionalmente, a eficiência do uso da água assumiu valores equivalentes para as duas estações. No capítulo 2 é proposto um diagrama onde são destacados os principais eventos causais e as respostas fisiológicas mais prováveis para as espécies estudadas sob as condições de seca no cerrado stricto sensu.

ASSUNTO(S)

potencial hídrico foliar déficit de pressão de vapor fotossíntese - relações hídricas ecologia trocas gasosas cerrado

Documentos Relacionados