Relação entre o comportamento agressivo e/ou violento e alterações na neuroimagem : revisão sistemática

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/03/2009

RESUMO

Estudos sobre a neurobiologia do comportamento violento sugerem que, em geral, altos níveis de agressão estão associados com anormalidades estruturais e funcionais do cérebro. Entretanto, a relação entre anormalidades cerebrais e agressão, ainda não foi sistematicamente estudada, mas são muitas as evidências de que o funcionamento anormal de diferentes regiões do cérebro possa estar associado com a agressão e psicopatia. Objetivo: Esse estudo teve como objetivo fazer uma revisão sistemática, de relatos da literatura, sobre anormalidades cerebrais e agressão, na tentativa de identificar as evidências disponíveis e desenvolver hipóteses para estudos futuros.Metodologia: Foram utilizadas as bases de dados do Medline e PsycINFO de 1987 a 2008, com intuito de identificar estudos que se referissem ao comportamento agressivo e/ou violento com evidências de anormalidades na neuroimagem. Foram utilizados os descritores "Aggression"[Mesh] OR "Violence"[Mesh] AND "Diagnostic Imaging"[Mesh], limitando-se aos estudos em seres humanos e aos trabalhos publicados em Inglês, Francês, Espanhol e Português. O termo violência foi usado em muitos dos artigos revisados, e em todo o texto usamos a terminologia dos autores, quando descrevem seus estudos e informam sobre seu desenho. Consideramos para esta revisão somente estudos de caso-controle ou de coorte. Na revisão fizemos um esforço buscando estudos que tivessem incluído pacientes com história de abuso na infância. Nos artigos selecionados, foi realizado o Teste de Relevância para definir a inclusão ou não do estudo nessa análise. Paralelamente foram avaliados dois outros grupos de estudos caso-controle: (1) com agressividade-violência possível ou provável e neuroimagem, (2) com agressividade-violência explicitada ou possível, mas que objetivavam estudos funcionais com ressonância magnética ou PET utilizando testes de ativação por imagem ou farmacológicos.Resultados: Nossa pesquisa identificou 30 estudos publicados (29 de caso-controle e 1 de coorte), sempre procurando encontrar a comparação de imagens cerebrais de pessoas violentas com não-violentas. Alguns resultados foram inconsistentes ou contraditórios. Tal circunstância é causada, primariamente, pela variação de definições de violência, característica dessas amostras, e pelo uso de diferentes medidas para explorar correlações neurobiológicas do comportamento violento. As amostras, nos estudos revisados, são geralmente pequenas. Alguns estudos não incluem uma comparação com grupos de pacientes saudáveis. Foi detectado somente 1 trabalho, entre os 30 avaliados, vinculando alterações cerebrais com exame de imagem e trauma na infância. Em relação aos exames de imagem do cérebro, em 29 dos 30 trabalhos selecionados evidenciaram alterações morfológicas e/ou funcionais de determinadas áreas do cérebro predominando nas pessoas com comportamento violento, quando comparadas aos grupos controles.Conclusão: Nossa revisão ressaltou que entre pessoas com comportamento violento e anti-social, quando comparadas com pessoas sem essa história, apresentam anormalidades cerebrais, estruturais e funcionais, em maior quantidade. A maior parte aparece nos lobos frontais, incluindo as áreas órbito-frontal, pré-frontal, e do cíngulo anterior, e em menor quantidade no lobo temporal, entre outras. Entretanto, devido à heterogeneidade dos trabalhos analisados, foi difícil estabelecer padrões e generalizar informações sobre alterações cerebrais, detectadas pelos exames de neuroimagem. Esses achados também indicaram a necessidade de futuros estudos, que considerem não somente a agressão e a persistência do comportamento agressivo, mas também o gênero do protagonista, além de história de abuso na infância, trabalhando com amostras maiores e mais homogêneas.

ASSUNTO(S)

medicina neurociÊncia agressividade cÉrebro - fisiologia violÊncia - aspectos fisiolÓgicos imagem por ressonÂncia magnÉtica medicina

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