Redes organizacionais: perspectiva para a sustentabilidade de uma ONG em Uberlândia-MG

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

O terceiro setor passa por um período de mudanças, em face de crescente problematização social, redução dos investimentos públicos no campo social, crescimento das organizações do setor e da participação das empresas no investimento em ações sociais. Em vista disto, há um aumento da incerteza e da insegurança nas organizações do setor, que para sobreviverem necessitam adaptarem-se, reestruturarem-se, flexibilizarem-se e buscarem permanentemente formas de inovação dentro das novas configurações do ambiente. Assim, as organizações não governamentais estão diante do desafio de pensar continuamente as suas relações: com organizações do mesmo setor, com organizações do Estado e com empresas, de forma a aumentar a sinergia entre uma e outra e a aprofundar a reciprocidade destas relações. Com isto, ganha terreno o termo redes organizacionais, ensejando a parceria como forma de sustentabilidade das organizações do terceiro setor. É neste contexto que se insere a discussão deste trabalho. O objetivo foi investigar a viabilidade de redes intersetoriais e interorganizacionais como perspectiva de sustentabilidade para uma organização nãogovernamental. Para atender a este propósito, inicialmente foram realizadas algumas reflexões acerca do terceiro setor, com ênfase nas organizações não-governamentais. Em seqüência, foi construída uma base conceitual onde foram resgatados os conceitos e definições de sustentabilidade e redes organizacionais. Por fim, apresentou-se um estudo de caso na ONG LAR de Amparo e Promoção Humana, localizada em Uberlândia-MG. A escolha desta instituição se justifica pelo fato dela se destacar perante outras da região em termos de número de atendimentos como também, quantidade de setores de atendimento e por adotar uma gestão baseada em redes organizacionais, tanto para a sua sustentabilidade como para sua expansão, o que vem ao encontro das dimensões de análise desta dissertação. As categorias de análise que conduziram o estudo empírico foram orientadas pelas dimensões: sustentabilidade econômica, sustentabilidade social e sustentabilidade cultural, e ainda, as formas, a natureza das relações entre os parceiros e os tipos de articulações nas redes organizacionais. Os procedimentos metodológicos utilizados foram de natureza aplicada e não experimental, a abordagem predominante foi qualitativa, especificamente, de caráter descritivo qualitativo. Para a coleta de dados adotou-se as técnicas de entrevista semi-estruturada, a observação direta e a análise de documentos. Para a análise e interpretação dos dados foi utilizada a técnica da triangulação. Os resultados da pesquisa apontam que a captação e disponibilização dos recursos oriundos das redes organizacionais são um desafio constante para a organização estudada. Tudo indica que quando há um conjunto de normas, regras e procedimentos preestabelecidos por parte dos parceiros, o encontro que deveria ser pautado na cooperação, passa a ser um encontro de prestação de serviços. Contudo, tudo leva a crer que, aquelas organizações que conseguem uma maior aproximação, principalmente, com o poder público, ao suprir parte da demanda deste, oferecendo atendimento com qualidade, têm perspectiva maior rumo à sustentabilidade, por terem o acesso a recursos fundamentais na implantação de seus projetos sociais. Entretanto, no desenvolvimento seqüencial destas ações, possivelmente, estão muitos desafios ainda para a organização, principalmente em encontrar e sustentar os elos articuladores de uma pluralidade de relações.

ASSUNTO(S)

organizações não-governamentais sustentabilidade networks administracao redes non-governmental organizations gestão management sustainability

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