Rastreamento de crianças com Doença Falciforme pelo Doppler transcraniano em uma coorte de pacientes triados pelo Programa Estadual de Triagem Neonatal do Estado de Minas Gerais (PETN-MG) e acompanhados no Hemocentro de Belo Horizonte/MG - Brasil.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

14/12/2009

RESUMO

As complicações neurológicas na anemia falciforme (AF) são frequentes. Aproximadamente 11% dos pacientes até 20 anos podem ter acidente vascular cerebral (AVC). A realização de Doppler transcraniano (DTC) é importante meio para detecção de risco para AVC isquêmico. O objetivo deste estudo é verificar a incidência de AVC e de DTC alterado em crianças e determinar possíveis fatores de risco. Materiais e Métodos: Foi analisada uma coorte de crianças triadas pelo Programa de Triagem Neonatal de MG, com perfil FS, nascidas de 03/1998 a 12/2005 e acompanhadas no Hemominas de BH até maio de 2009. Para realização do DTC foi feito um corte transversal randomizado de 300 crianças. Os exames foram realizados segundo o protocolo STOP, utilizando-se o DTC pulsado, com sonda de 2 MHz. As crianças com velocidade média máxima (VMM) do fluxo sanguíneo cerebral <170 cm/s nas artérias cerebral média, carótida interna distal e cerebral anterior foram classificadas como de risco baixo; se VMM entre 170-184 cm/s, risco intermediário baixo; se VMM de 185-199 cm/s, risco intermediário alto e se 200 cm/s, risco alto. Resultados: a média de idade foi 6,5 anos (2-11a); 150 meninas. Foram classificadas como de baixo risco 194 crianças (75,6%); 19 risco intermediário baixo (7,4%); 7 risco intermediário alto (2,7%) e 8 risco alto (3,1%); 11,2% dos exames foram inadequados. Sete crianças com risco elevado, após exames confirmatórios, iniciaram regime de transfusão crônica e uma, hidroxiureia. Uma, com baixo risco, desenvolveu AVC hemorrágico (angiografia cerebral normal). Treze crianças (4,8%) haviam sofrido AVC isquêmico antes da realização do DTC. A ocorrência de DTC alterado ou AVC clínico foi observada em crianças com menor média de idade (p=0,002). A probabilidade acumulada de ter AVC até 10 anos de idade foi de 9,5%; a de AVC+DTC alterado (riscos intermediários + alto) de 38,4%. Não houve diferença entre as crianças com DTC normal e as com DTC alterado+AVC, quando se analisaram a antropometria (comparação de médias de escores Z aos 3 anos de idade), ocorrência de sequestro esplênico agudo (p=0,13) e síndrome torácica aguda (p=0,16). As médias de hemoglobina foram inferiores nas crianças com DTC alterado+AVC (p<0,001); as contagens de leucócitos e de reticulócitos foram superiores nas crianças com DTC alterado+AVC (p=0,006 e p<0,001, respectivamente). Em análise multivariada a média de reticulócitos foi a única variável significativa (p=0,0002). Observou-se aumento progressivo da VMM da artéria basilar nas crianças com VMM aumentada nas ACMs (definir a sigla) (R= 0,59; p<0,001): 8 das 25 crianças com DTC alterado possuíam VMM basilar >130 cm/s; entre as 186 com baixo risco, apenas 1 possuía VMM basilar >130 cm/s (p<0,001). Conclusões: a frequência de AVC clínico foi semelhante à da literatura e a de DTC alto risco, inferior. As probabilidades acumuladas de DTC alterado são altas e requerem atenção especial no seguimento de crianças com AF. A contagem elevada de reticulócitos foi o fator mais importante para predizer doença cerebrovascular (DCV). A VMM na artéria basilar >130 cm/s é mais um fator preditivo de DCV.

ASSUNTO(S)

pediatria teses. anemia teses. anemia falciforme decs acidente cerebral vascular decs ultrassonografia doppler transcraniana decs criança decs adolescente decs triagem neonatal decs dissertações acadêmicas decs tese da faculdade de medicina da ufmg

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