Queda e elevação : Hegel, Schelling e Kierkegaard

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2012

RESUMO

Esta tese objetiva investigar a questão do mal a partir da visão hegeliana, schellinguiana e kierkegaardiana, tomando como referência principal o tema da queda a qual pressupõe um estado original de felicidade e perfeição do ser humano no paraíso (Gn 3) e que foi perdido em vista da transgressão à norma estabelecida por Deus de não se poder comer do fruto da árvore do bem e do mal. Para Hegel, nunca houve esse estado originário de felicidade, e por isso, tanto o bem quanto o mal devem ser estudados a partir da visão no qual o homem está inserido, a história universal. O homem, segundo Hegel, é espírito e como tal, na sua origem ainda não é o que deve ser, não tem consciência de si, não se sabe como espírito, assim, nesse registro, é mau, e deve fazer o seu percurso na história para efetivar esse seu dever ser, na dualidade bem e mal, e chegar ao estado de reconciliação. Para Hegel, se se quiser ficar no âmbito da metáfora do paraíso, este é uma conquista alcançada pelo próprio homem que se alça de seu estado de animalidade para efetivar-se como espírito. Hegel não tem uma obra especifica sobre o tema do mal e da conciliação, mas ele é tratado em diversas de suas obras, principalmente na ¿Fenomenologia do espírito¿, ¿Lições sobre a filosofia da história¿ nos cursos berlinenses de 1821, 1824, 1827 e 1831, compilados na obra ¿Lições sobre filosofia da religião¿. O mal está entrelaçado com o livre arbítrio (Willkür). Schelling investiga a questão do mal em muitas de suas obras, mas esta tese se centraliza em ¿Filosofia e religião¿ (1804), ¿Investigações filosóficas sobre a essência da liberdade humana e os objetos a ela conexos¿ (1809) e ¿Preleções privadas de Stuttgart¿ (1810). Nessas obras, o mal está imbricado com as questões do fundamento, da liberdade e do livre arbítrio. A redenção humana se efetiva na relação amorosa do homem com Deus. O tema do mal, em Kierkegaard, é abordado, principalmente em ¿O conceito de angústia¿ a partir da perspectiva do observador psicológico que adentra na alma humana e ali analisa a possibilidade e a efetivação do mal (pecado hereditário) que acessa em cada indivíduo do mesmo modo como ingressara em Adão, isto é, por meio de um salto. O mal, portanto, se pressupõe a si mesmo. Nesse livro e na obra kierkegaardiana, percorre, do início ao fim, o indivíduo, categoria essencial no pensamento do filósofo dinamarquês. O homem, como indivíduo que é, diante de Deus é sempre culpado. É responsável, por tanto, pelo bem e pelo mal que faz. Sua tarefa será a de edificar-se a partir do fundamento do amor. Nesses três autores, o mal é uma transgressão do homem à sua própria humanidade, transgressão à ordem que deveria ser harmoniosa e que será superada, essa transgressão, em Hegel, pela reconciliação, em Schelling e Kierkegaard, pelo amor que é a prática do bem.

ASSUNTO(S)

hegel, georg wilhelm friedrich, 1770-1831 schelling, friedrich wilhelm joseph von, 1775-1854 evil good kierkegaard, sören, 1813-1855 edification ontologia god bem e mal (filosofia) liberdade existencialismo filosofia moderna freedom

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