Prestação de serviços de consultoria por auditores independentes: há reflexos no gerenciamento de resultados em empresas brasileiras de capital aberto?

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

17/06/2011

RESUMO

No contexto da teoria da agência, a auditoria externa representa mecanismo de monitoramento das ações dos administradores, visando o seu alinhamento aos interesses dos acionistas, sendo esse monitoramento válido somente quando sua atuação é independente. Segundo a literatura, existem práticas que podem prejudicar a independência do auditor, como a prestação concomitante de outros serviços que não de auditoria ao cliente ou a extensão de tempo da prestação do serviço. A literatura também aponta que a reputação, expertise e porte da empresa e auditoria são fatores que podem fortalecer sua capacidade de monitoramento. Diante disso, o objetivo da presente pesquisa consiste em analisar as relações entre a prática de erenciamento de resultados por empresas brasileiras de capital aberto e a prestação concomitante de outros serviços que não de auditoria pelo auditor independente, assumindo ser este o agente na relação de conflito de agência, nos períodos de 2006 a 2009. Especificamente, objetivou-se verificar se o auditor externo pode se tornar economicamente atrelado à Administração de seu cliente, reduzindo-se, assim, a sua capacidade de monitoramento. Objetivou-se verificar, também, se as regras de governança corporativa requeridas pela Lei Sarbanes-Oxley influenciam essa prática. Para tanto, relacionou-se, através da adaptação do modelo de Frankel, Johnson e Nelson (2002), a razão entre os honorários pagos por outros serviços que não de auditoria e o total pago às firmas de auditoria às acumulações discricionárias, estimadas por meio do Modelo de Jones Modificado (1995) e Modelo KS (1995), por MQO. O efeito de fatores que segundo a literatura analisada impactam o gerenciamento de resultados foi controlado a partir da inclusão ao modelo de variáveis relacionadas a esses fatores. Adicionalmente, para verificar o efeito da prestação de outros serviços que não de auditoria por honorários inferiores a 5% sobre o total global pago, tendo em vista que a Instrução CVM 381/03 desobriga a divulgação desses valores, variáveis dummy foram incluídas aos modelos de Jones Modificado e Modelo KS. Os resultados apontaram para o aumento do gerenciamento que tem como objetivo a redução dos resultados, tendo em vista que se observou uma redução do valor das acumulações discricionárias negativas mediante a prestação concomitante de outros serviços que não de auditoria pelo auditor independente, em 2009, e ainda a elevação das acumulações totais em 2008 e na análise que combinou séries temporais e cortes transversais, quando se incluiu variáveis dummy. Contudo, tais resultados devem ser analisados com cautela, tendo em vista que as observações obtidas por meio da aplicação do modelo de Jones Modificado não foram confirmadas com a utilização do Modelo KS e vice-versa, nem tampouco a análise ano a ano foi unânime. Considera-se, ainda, que o número reduzido de companhias que divulgaram o valor dos honorários pagos por outros serviços prestados pelo auditor independente e que possuem dados contábeis para a estimação dos modelos nos quatro períodos analisados, restringiu o tamanho da amostra para 52 observações por ano e 208 observações para as análises que combinaram cortes transversais e séries temporais

ASSUNTO(S)

contabilidade teses. auditoria teses.

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