Práticas educativas na atenção básica: um estudo de caso sobre métodos de ensino

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/12/2011

RESUMO

Introdução: A reorientação do modelo assistencial, a partir da Atenção Básica foi estabelecida pelo Ministério da Saúde (MS), visando uma ruptura com o modelo assistencial curativista. Na busca da construção de um novo paradigma da produção social da saúde, preconizou-se o compromisso com a promoção da saúde e a qualidade de vida das pessoas, tendo como principal dispositivo a educação em saúde. O MS preconiza o desenvolvimento da educação em saúde numa perspectiva dialógica, emancipadora, participativa e criativa, com vistas a contribuir para a promoção da autonomia dos usuários. Encontra-se na literatura estudos que valorizam a importância de processos educativos conforme propõe o MS. Observa-se, no entanto, que nestes estudos a ênfase recai sobre os resultados, secundarizando o processo. Decorre daí a necessidade no campo da educação em saúde de dar maior visibilidade e inteligibilidade ao modo como às práticas vem sendo desenvolvidas, ou seja, ao modo como os princípios propostos pelo MS vêm sendo (re)significados e objetivados pelos profissionais de saúde no concreto. Objetivo: Analisar os métodos educacionais que fundamentam as práticas educativas desenvolvidas em grupos nas unidades básicas de saúde (UBS). Metodologia: Trata-se de um Estudo de Caso, realizado em três UBS. Para coleta de dados foram utilizadas várias fontes de evidências, triangulando técnicas - a observação participante com registro fotográfico e diário de campo, entrevista com os profissionais e a análise documental. Os dados foram analisados utilizando-se como referencial a Análise do Conteúdo. Resultados: Da análise obteve-se três categoriais representativas dos métodos educacionais. A primeira relacionase ao método diretivo pautado na perspectiva da heteroestruturação do conhecimento; a segunda ao método não-diretivo fundado na perspectiva da autoestruturação e a terceira relaciona-se ao método relacional pautado na perspectiva da interestruturação. Da análise dos métodos observados emergiram quatro aspectos fundamentais. O primeiro refere-se à ocorrência no interior das práticas educativas de duas formas distintas de mediar a relação entre o sujeito e o objeto. O segundo diz respeito à existência de uma tensão entre dois tipos de conhecimentos, o conhecimento-regulação e conhecimento-emancipação. O terceiro relaciona-se ao desperdício da experiência ocorrida nas práticas e, o quarto, ao predomínio de experiências que tendem a não favorecer a formação de subjetividades inconformistas e democráticas. Conclusão: Constata-se que as práticas educativas em saúde ainda não estão verdadeiramente comprometidas com os princípios propostos pelo MS, tanto no que abrange a compreensão teórica como no fazer prático concreto dos profissionais. Esta afirmação justifica-se, porque nas práticas observadas predominou a forma de mediar a relação sujeito-objeto que não conduz ao diálogo. Além disso, mesmo as práticas que conduziram ao diálogo, não foram marcadas por uma clara intencionalidade política de favorecer a produção de subjetividades autônomas, capazes de transformar suas realidades. Uma educação voltada para os propósitos do MS não pode prescindir dos métodos dialógicos, pautadas na subjetividade com a finalidade precípua de desenvolver a autonomia dos sujeitos. Entende-se que quanto mais intencional for este processo, tanto mais se amplia a possibilidade do seu alcance.

ASSUNTO(S)

enfermagem teses enfermagem decs dissertações acadêmicas decs educação em saúde/métodos decs atenção primária à saúde decs pesquisa qualitativa decs centros de saúde decs humanos decs

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