POLITENESS IS INCLUSION: "being" and "opinion" in the discourse of teachers on the inclusion of people with disabilities in school. / POLIDEZ E INCLUSÃO: o ser e o parecer no discurso de professores sobre a inclusão da pessoa com deficiência na escola.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

18/06/2012

RESUMO

A polidez linguística pode ser entendida como fruto da necessidade do homem de manter o equilíbrio de suas relações interpessoais. Os falantes empregam estratégias de polidez em suas interações verbais, com o propósito de mantê-las livres de possíveis conflitos. Tais estratégias podem ser verificadas no discurso de professores sobre a inclusão de pessoas com deficiência no ambiente escolar. Acredita-se que esses professores façam uso da polidez não só para manter a harmonia das relações interpessoais, mas, principalmente, para projetar, preservar e confirmar imagens de si e do grupo ao qual pertencem, em conformidade com o que é codificado socialmente como politicamente correto. Objetiva-se investigar a polidez linguística presente no discurso desses professores, discutindo as razões que subjazem ao seu uso e suas implicações para o efetivo processo de inclusão escolar da pessoa com deficiência, a partir dos seguintes questionamentos: a) Quais estratégias de polidez podem ser verificadas no discurso dos professores sobre a inclusão da pessoa com deficiência em salas regulares? b) Que motivos levam os professores a empregarem estratégias de polidez em seu discurso? c) Que efeitos esse discurso polido pode produzir para o processo de inclusão da pessoa com deficiência no ambiente escolar? A pesquisa fundamentou-se nos conceitos fornecidos pelas teorias pragmáticas, no que concerne à polidez, a partir do modelo proposto por Brown e Levinson (1987 [1978]), segundo as reformulações e os aperfeiçoamentos feitos por Kerbrat- Orecchioni (2004; 2006), associados a outras reflexões fornecidas, sobretudo, pelos estudos de Rodriguez (2010), Goffman (2008) e Bravo (2000). Articularam-se tais conceitos à questão da deficiência, que é apresentada e discutida a partir das contribuições de diversos autores, entre os quais Pessotti (1984), Pereira (2006), Diniz (2010), Mazzotta (2005), Matos (2007) e Souza (2009). Constituiu-se o corpus desta pesquisa a partir dos dados gerados de uma discussão focalizada sobre o tema inclusão da pessoa com deficiência na escola, desencadeada em um Grupo Focal de professores do Ensino Fundamental da rede estadual de ensino de Sergipe. Embora o Grupo Focal tenha sido a principal fonte, houve ainda a triangulação dos dados gerados com questionário diagnóstico, entrevistas individuais e observação participante. A análise dos dados realizada demonstra que a polidez que se verifica no discurso dos professores sobre a inclusão da pessoa com deficiência no ambiente escolar serve à dissimulação do estigma que pesa sobre a imagem da pessoa com deficiência e à projeção, preservação e confirmação de imagens de si, dos professores e do grupo a que pertencem. Tais imagens decorrem de projeções dos valores da ideologia da sociedade sobre o indivíduo, que se impõe a este sob a forma de um sistema de aparências. Assim, atos e palavras dos professores integram uma representação que os indivíduos cumprem, a fim de se inscreverem num grupo e de não se deixarem classificar como estranhos ou desviantes do que é considerado apropriado ou adequado. Esse jogo de aparências mascara barreiras atitudinais e procedimentos negativos à inclusão efetiva da pessoa com deficiência na escola e na sociedade.

ASSUNTO(S)

politicamente correto imagem de si pessoa com deficiência politeness polidez psicologia social politically correct self-image people with disabilities

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