Poética fílmica: o exemplo de Alfred Hitchcock

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/10/2012

RESUMO

A presente tese tomou como seu objeto de pesquisa a poética fílmica. Entendendo por poética, no caso do cinema, o processo de criação, produção e efeitos alcançados pelo filme, a questão da pesquisa foi: como é gerada uma unidade semiótico-sistêmica em um filme? O objetivo voltou-se, portanto, para a compreensão de como se estrutura e se engendra tal poética. As hipóteses que nortearam o encaminhamento da pesquisa foram as seguintes: 1) as características sígnicas, que constituem a linguagem híbrida do cinema, são formadas pela integração e complementação dos princípios e desdobramentos semióticos das linguagens sonora, visual e verbal; 2) a ontologia sistêmica do filme é marcada pela autoria colaborativa e seu complexo processo de semiose e comunicação. Para alcançar seu objetivo, a pesquisa fundamentou-se na junção da teoria semiótica peirciana com a teoria dos sistemas de Edgar Morin e Jorge Vieira. Essa junção permitiu compreender a natureza híbrida do signo cinematográfico que se fundamenta na intersecção de três princípios semióticos, desenvolvidos por Santaella: a sintaxe, a forma e o discurso. Assim, a interpretação fílmica se realizou a partir da teoria dos interpretantes de Peirce, em comunhão aos parâmetros sistêmicos evolutivos. Por considerarmos que a cinematografia de Alfred Hitchcock constitui-se em um caso otimizado de um entrosamento semiótico e sistêmico ímpar, a pesquisa se concentrou no estudo de partes criteriosamente selecionadas de três filmes do diretor: Janela Indiscreta (1954), Um Corpo que Cai (1958) e Psicose (1960). A escolha se deve ao fato de que esse cineasta confecciona de modo exemplar uma unidade complexa em seus filmes, trabalhando as características de cada linguagem - visual, sonora e verbal - tanto na autonomia de cada uma quanto nas interfaces e integrações entre elas, gerando uma poética, ou seja, certo modo de engendramento interno que organiza diferentes elementos em uma dinâmica sistêmica. A análise revelou que o suspense, em Hitchcock está baseado na geometrização de uma rede de intersemioses que flui, acoplando-se por meio de estruturas atratoras, pelas quais linhas temporais de eventos e informações vão aos poucos revelando uma representativa gramaticalidade. Assim, além de situar e contextualizar Hitchcock nas poéticas fílmicas articuladas em diferentes escolas e movimentos ao longo da história, a pesquisa estabeleceu o conceito de ontologia sistêmica cinematográfica. Em seu viés ontológico, a poética fílmica se faz por meio de uma organização de caráter plural e diverso, cuja unidade ativa se estabelece e se mantém pela multiplicidade de interações e cooperações, as quais os agentes semióticos envolvidos, com suas especialidades e funções, são capazes de produzir, desenvolver e transformar

ASSUNTO(S)

semiótica complexidade poética hitchcock comunicacao semiotics complexity poetics cinema

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