Pesca artesanal no semiárido paraibano: um enfoque etnoictiológico

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

31/03/2011

RESUMO

A região semi-árida do Brasil apresenta condições extremas às quais sua fauna e flora estão sujeitas, bem como as populações humanas locais. A elevada amplitude térmica, presença de solos rasos, baixa pluviosidade, rios de regimes intermitentes em sua maioria e disponibilidade de água potável para abastecimento humano têm estimulado a construção de açudes. Isto possibilitou o abastecimento hídrico na região, permitindo seu uso para diversos fins, como irrigação de culturas de subsistência e pesca artesanal. Os pescadores artesanais detêm um conjunto de saberes empíricos oriundos de práticas, vivências e informações que são transmitidas através de uma continuidade cultural derivada principalmente de crenças antepassadas. Estes saberes compõem seu Conhecimento Ecológico Local (CEL) os quais têm sido úteis na elaboração de estratégias de conservação e manejo de recursos pesqueiros, além da geração de novas informações ainda não investigadas por métodos científicos tradicionais. Com o objetivo de investigar o CEL de pescadores artesanais de um açude localizado no município de Boqueirão, situado na região semi-árida (Caatinga) do Estado da Paraíba (Nordeste do Brasil), foi realizada a presente dissertação de mestrado. Ela é composta por uma introdução geral ao tema da pesquisa, caracterização da área de estudo e dos pescadores entrevistados e por dois capítulos. O capítulo I aborda o sistema de classificação e conhecimento ecológico destes pescadores sobre os recursos pesqueiros explorados, confrontando-os com o conhecimento científico atual; bem como discute a utilização desses conhecimentos tradicionais locais como fontes adicionais para subsidiar a elaboração de estratégias de conservação e planos de manejo de tais recursos faunísticos. Por sua vez, o capítulo II trata do consumo e tabus alimentares em relação aos recursos pesqueiros explorados e das práticas zooterápicas adotadas pelos pescadores entrevistados, comparando-as com aquelas relatadas na literatura etnoictiológica de comunidades de pescadores de zonas estuarino-marinhas e ribeirinhas. Em relação às aversões alimentares e à utilização de animais na medicina tradicional, são discutidas as influências exercidas por fatores sócio-econômicos e culturais, bem como as possíveis implicações negativas do uso de produtos zooterápicos para a saúde dos usuários e em relação à conservação das populações das espécies-alvo. Os capítulos desta dissertação foram estruturados no formato de artigos científicos, visando facilitar a leitura, avaliação, bem como a submissão em periódicos especializados.

ASSUNTO(S)

etnoictiologia cel tabus alimentares zooterapia semi-árido recursos pesqueiros e engenharia de pesca

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