Perfil de sensibilidade a antimicrobianos e análise genotípica de cepas de micobactérias de crescimento rápido envolvidas em surtos e infecções esporádicas no Brasil
AUTOR(ES)
Cynthia Maria Leite Pinheiro
FONTE
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
20/03/2009
RESUMO
Micobactérias de crescimento rápido (MCR) podem causar um amplo espectro de doenças, desde infecções cutâneas superficiais até doenças disseminadas graves. Relatos de infecções adquiridas devido ao uso de materiais contaminados e a procedimentos cirúrgicos invasivos têm aumentado nos últimos anos. Os surtos ocorridos recentemente no Brasil e que afetaram mais de 1000 pacientes comprovam este fato. Entre as espécies de MCR, aquelas pertencentes ao grupo M. chelonae - M. abscessus são as mais patogênicas e resistentes aos antimicrobianos. Mesmo em vigência de poliquimioterapia, pacientes portadores de infecções causadas por MCR podem não obter cura clínica. Neste estudo, identificamos espécies de MCR envolvidas em surtos e infecções esporádicas no Brasil no período de 2004 a 2008 e analisamos seus perfis genotípicos e de sensibilidade a antimicrobianos. Para isso, realizamos o estudo em dois grupos de MCR: o primeiro constituído por isolados relacionados a surtos (75 isolados) e o segundo por isolados não relacionados a surtos (10 isolados). O seqüenciamento dos genes hsp65 e rpoB foi utilizado para diferenciar entre as espécies do grupo M. chelonae - M. abscessus e a eletroforese em campo pulsátil (PFGE) para avaliar possíveis semelhanças entre os perfis genotípicos. A determinação das concentrações inibitórias mínimas (MIC) de 15 antimicrobianos frente aos isolados de MCR foi determinado pelo método de microdiluição em caldo. A partir dos testes realizados, foram identificadas 3 espécies de MCR relacionadas a surtos: M. massiliense, relacionado a videocirurgias; M. bolletii relacionado a mesoterapia; e M. abscessus, relacionado a cirurgias estéticas. A análise genotípica por PFGE desses isolados permitiu demonstrar ou comprovar a relação clonal entre os isolados de M. massiliense e entre os isolados de M. abscessus. Porém, os isolados provenientes de mesoterapia e infecções esporádicas apresentaram diferentes perfis genotípicos. As espécies analisadas, independentemente de sua origem (surto ou infecção esporádica) apresentaram uma ampla resistência in vitro aos antimicrobianos. Isolados de M. massiliense só apresentaram sensibilidade in vitro à claritromicina, amicacina e tigeciclina, enquanto os isolados de M. bolletii e M. abscessus foram sensíveis somente à amicacina e tigeciclina e moderadamente sensíveis à cefoxitina. Em conclusão, a análise ampla dos perfis genotípicos e, sobretudo de resistência, como efetuado neste trabalho, mesmo com as limitações próprias de um critério fenotípico in vitro, pode auxiliar o médico na fundamentação do esquema terapêutico.
ASSUNTO(S)
micobactéria micobacterioses surtos teste de sensibilidade mycobacteria outbreaks genotipagem genotyping susceptibility test doencas infecciosas e parasitarias
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