Perfil da resposta imune local em pacientes com lesão intraepitelial cervical de baixo grau, alto grau e neoplasia invasiva.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O Papilomavírus Humano (HPV) é uma infecção comum em mulheres em todo o mundo. Contudo, apenas uma pequena porcentagem de mulheres, com infecção persistente por genótipos oncogênicos de HPV, irão desenvolver lesões intraepiteliais escamosas de baixo (LSIL) e alto grau (HSIL) podendo progredir para o câncer cervical. Os componentes genéticos e imunológicos individuais parecem ser importantes na relação entre a infecção persistente pelo HPV e a carcinogênese. A resposta imune é fundamentalmente importante no desenvolvimento, manutenção e/ou progressão do câncer cervical. Dependendo do padrão de citocinas produzidas, estas podem levar à tolerância imunológica, indução e manutenção de mecanismos imunopatológicos, como desenvolvimento das neoplasias intraepitelial cervical (NIC) propiciando a evolução para o câncer cervical. Portanto, o objetivo desse estudo foi traçar qual perfil imunológico (Th1, Th2 ou Treg) poderia estar envolvido nas lesões cervicais de baixo e alto grau e no câncer cervical. Verificando assim, a expressão das citocinas: IL-2, IL-12, IFN-γ, TNF-α, IL-10, IL-4, TGF-β1, TGF-β2 e TGF-β3, utilizando a técnica da RT-PCR e posteriormente à PCR com condições e primers específicos para cada citocina. O estudo foi realizado com biópsias de 28 pacientes com lesões intraepitelial cervical de baixo (HPV/NIC I), 53 alto grau (NIC II e NIC III), 25 com câncer (Invasivo) e 20 mulheres normais (grupo controle), ou seja, sem lesões do colo do útero induzidas pelo HPV. As biópsias foram realizadas somente na presença de zona transformação anormal pela colposcopia, estas foram inclusa em 1 mL de Trizol, para a extração do DNA e RNA. Todas as amostras de RNA foram submetidas a RT-PCR para β-actina e citocinas. O DNA foi utilizado para pesquisa de HPV 16 e/ou 18 utilizando a técnica de PCR. Após a PCR as amostras foram submetidas à eletroforese em gel de poliacrilamida e coradas por nitrato de prata. A idade das mulheres que participaram do estudo variou entre 16 a 78 anos (média=31,73 anos), no grupo daquelas que apresentavam lesões cervicais, e 39 a 66 anos (média=48,6 anos) no grupo controle. Todas as amostras com lesões cervicais e controles foram submetidas a RT-PCR para β-actina como controle das reações e 100% delas se mostraram positivas. A amplificação do IFN-γ e da IL-2 foram positivas em 21 (19,81%) pacientes com lesões cervicais sendo que para o IFN-γ : 6 (21,43%) eram do grupo LSIL, 8 (15,10%) HSIL e 7 (28%) câncer cervical. Para a IL-2, 3 (10,71%) faziam parte do grupos LSIL, 14 (26,42%) HSIL e apenas 4 (16%) eram do grupo de lesões invasivas. No grupo controle apenas 1 (5%) paciente do grupo controle foi positiva para IFN-γ e 6 (30%) para a IL-2. Tiveram 34 (32,08%) amostras positivas no grupo das pacientes com lesões cervicais para a IL-12, sendo que, 7 (25%) eram do grupo LSIL, 22 (41,51%) HSIL e 5 (20%) tinham câncer cervical. No grupo controle 12 (60%) amostras foram positivas para essa citocina (p=0,0174). Para o TNF-α 39 (36,79%) pacientes com lesões cervicais foram positivas para esta citocina, sendo que, 9 (32,14%) eram do grupo LSIL, 27 (50,94%) HSIL e somente 3 (12%) no grupo de lesões invasivas. No grupo controle 14 (70%) pacientes foram também positivas para esta citocina (p=0,0058). A IL-10, 81 (76,42%) amostras do grupo das pacientes com lesões cervicais foram positivas, destas 19 (67,86%) eram do grupo LSIL, 39 (73,58%) HSIL e 23 (92%) do grupo dos invasivos. No grupo controle 17 (85%) pacientes apresentaram positividade para IL-10. A IL-4 apresentou expressão em 30 (28,30%) pacientes do grupo com lesões cervicais, destas 10 (35,71%) tinham LSIL, 14 (26,42%) HSIL, e 6 (24%) câncer cervical; somente 2 (10%) amostras controles foram positivas para tal citocina. Para o TGF-β1 48 pacientes (45,28%) apresentaram expressão, sendo 11 (39,29%) LSIL, 25 (47,17%) HSIL e 12 (48%) para câncer cervical, enquanto que nenhuma amostra controle foi positiva (p=0,0001). Para o TGF-β2, 61 (57,55%) amostras foram positivas para o grupo das pacientes com lesões cervicais, destas, 14 (50%) eram do grupo LSIL, 30 (56,60%) HSIL e 17 (68%) câncer cervical; apenas 2 (10%) amostras do grupo controle foram positivas para esta citocina (p<0,0001). Com relação ao TGF-β3, 35 (33,02%) pacientes foram positivas, sendo 5 (17,86%) LSIL, 16 (30,19%) HSIL e 14 (56%) com câncer cervical. Todas as amostras controles foram negativas para esta citocina (p<0,0001). Então, ao analisarmos o perfil de resposta imune local das pacientes com lesões induzidas pelo HPV em relação às pacientes controles, pode-se observar que somente 11 (10,38%) das 106 pacientes com lesões apresentaram perfil do tipo Th1, já as pacientes controles 15 (75%) delas apresentaram este perfil (p<0,0001). O perfil Th2 foi determinado em 30 (28,30%) pacientes com lesões e em apenas 2 (10%) das pacientes controles (p=0,0846). Com uma diferença altamente significante (p=0,0002) o perfil Treg foi caracterizado em 58 (54,72%) pacientes com lesões induzidas pelo HPV e em apenas 2 (10%) pacientes controles. Apenas 7 (6,60%) pacientes com lesões e 1 (5%) paciente controle foram caracterizadas como um perfil indeterminado (p=0,7873). As pacientes que apresentaram perfil indeterminado foram aquelas que apresentaram apenas a expressão da citocina IL-10, que, portanto não é uma citocina característica de nem um dos três perfis analisados, podendo esta apresentar-se associada ao IFN-γ e caracterizar o perfil Th1, associada a IL-4 caracterizando o perfil Th2 ou associada aos TGF-β caracterizando, neste caso, um perfil de resposta imune Tregulatório (Treg). Conclusões: A citocina mais prevalente dentre os grupos LSIL/HSIL/ Invasivos e controles foi a IL-10; Nas Lesões Intraepitelial Escamosa de Baixo Grau (LSIL) não houve um perfil de resposta imune local predominante, pois a proporção entre Th2 e Treg foi igual (35,71%); Nas Lesões Intraepitelial Escamosa de Alto Grau (HSIL) e na Neoplasia Invasiva o perfil de resposta imune local que prevaleceu foi o Treg, com 58,49% e 68%, respectivamente; Houve diferença estatisticamente significante entre o perfil de resposta imune Treg e os outros perfis (Th1, Th2 e indeterminado) de todos os grupos: LSIL, HSIL e Invasivo; O perfil de resposta imune local das pacientes controles foi caracterizado como sendo Th1 em 75% das amostras; Com o aumento do grau da lesão induzida pelo HPV, a resposta imune local se caracteriza em Tregulatório (Treg).

ASSUNTO(S)

lsil citocinas anatomia patologica e patologia clinica cytokines neoplasia intra-epitelial cervical lsil perfil da resposta imune. hsil cervical intraepithelial neoplasia hsil

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