Os cem menores contos brasileiros do século e a reinvenção do miniconto na literatura brasileira contemporânea
AUTOR(ES)
Spalding, Marcelo
DATA DE PUBLICAÇÃO
2008
RESUMO
A discussão sobre a extensão de uma obra literária remonta há pelo menos um século, mas tem se afirmado, na literatura contemporânea, um tipo de conto extremamente breve chamado de “miniconto” ou “microconto”. Singular exemplar dessa estética é a antologia Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século, organizada por Marcelino Freire e publicada em 2004, em que os autores foram desafiados a escrever contos de no máximo cinqüenta letras. O presente estudo parte dessa obra para uma investigação acerca do miniconto, demonstrando sua presença na América Latina e nos Estados Unidos, sua relação com o minimalismo até chegar no surgimento dessa estética no Brasil. Nessa pesquisa diacrônica visita-se a obra de autores como Augusto Monterroso, autor de “O dinossauro”, conhecido como menor e mais famoso miniconto do mundo, Raymond Carver, norte-americano apontado como ícone minimalista da literatura, e Dalton Trevisan, responsável pela canonização desse tipo de texto no Brasil. Não é o objetivo desse estudo estabelecer limites de gênero para o miniconto, e sim analisar como é possível produzir uma narrativa com começo, meio e fim preservando as propriedades do conto em espaço tão exíguo. Para tanto, foram utilizadas algumas teorias da narratividade de Barthes, especialmente o conceito de ações núcleo e catálises, estudos sobre a recepção de Ingarden e Iser, especialmente quando falam das zonas de indeterminação, bem como teorias do conto, priorizando teóricos latino-americanos e brasileiros. Ao final pode-se perceber que, apesar da limitação de palavras ou letras ser marca definitiva dessa estética, ainda é possível, sim, falarmos em conto, pois desde que haja um mínimo de determinação no texto para que o leitor consiga preencher as zonas indeterminadas estarão preservados a intensidade, a tensão e o efeito, operando tais textos como “bombas nucleares” que explodem após o ato da leitura. Não é, naturalmente, o mesmo tipo de conto breve da metade do século XX, também chamado de miniconto, mas uma espécie de reinvenção do miniconto que explora suas possibilidades ao máximo, desafiando seus limites.
ASSUNTO(S)
minicuento miniconto teoria do conto teoría del cuento literatura brasileira literatura contemporanea minimalismo
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/10183/13816Documentos Relacionados
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