Organização Temporal na Fala Disártrica: comparação entre populações com distúrbios nos núcleos da base

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

03/05/2011

RESUMO

Os circuitos neuronais que envolvem os núcleos da base (estrutura subcortical do sistema nervoso central humano) participam do controle dos movimentos voluntários do corpo, inclusive os da fala. Com isso, doenças que alteram o funcionamento dos núcleos da base, como doença de Parkinson (DPark), doença de Huntington (DH) e coreia de Sydenham (CS), podem gerar movimentos anormais hipo ou hipercinéticos, o que, consequentemente, pode influenciar o controle motor da fala. O objetivo desta tese consiste em explicitar como a organização temporal da prosódia varia em sujeitos com disartria hipocinética e hipercinética na DPark, na DH e na CS. Avaliaram-se quinze sujeitos com DPark (com e sem medicação ON e OFF), quinze com DH, quinze com CS e dezoito do grupo controle. Todos os indivíduos foram submetidos à gravação de um texto padrão, para estudo da organização temporal com sinal de fala e espectrograma. A identificação e a marcação das pausas (de acordo com as fronteiras sintáticas) foram feitas manualmente, separando as gravações em pausas e sequências articuladas. Também foram medidos: tempo total de fala (TTF, o qual se divide em tempo total de articulação [TTA] e tempo total de pausa [TTP - duração da soma de todas as pausas silenciosas]), número de pausas e duração média delas, velocidade de fala (VF - divisão do número de sílabas pelo TTF), velocidade de articulação (VA - divisão do número de sílabas pelo TTA), tempo total de fluência e tempo total de disfluência. Nas análises estatísticas, além dos dados descritivos, foram utilizados: análise de variância (ANOVA), método de comparações múltiplas de Bonferroni, coeficiente de correlação de Pearson, método Bootstrap e teste t de Student. Os resultados mostraram que há grande variabilidade no grupo com DPark. Os pacientes deste grupo apresentaram maior duração média das pausas em relação aos pacientes do grupo controle. Suas VF e VA são pouco menores que às do grupo controle. O grupo com DH também apresenta lentificação nos parâmetros temporais, assim como os sujeitos com CS. Estes últimos, porém, em menor grau. Em relação à função sintática da prosódia, todos os grupos mostraram preservação, em maior ou menor grau. Quanto ao comprometimento motor global, por ordem crescente, estão os grupos CS, DH, DPark ON e DPark OFF. No entanto, não houve correlação entre as escalas de avaliação motora global e os parâmetros temporais de fala. Existem correlações variáveis entre as fronteiras sintáticas e as durações das pausas em todos os grupos. Conclui-se que os sujeitos com DPark, DH e CS manifestam lentificação na produção da fala e preservação da função sintática da prosódia em maior ou menor grau. Também não podem ser diferenciados pela organização temporal da fala, nem entre si nem em relação ao grupo controle. Ao que parece a disfunção dos núcleos da base afeta igualmente todos os grupos clínicos, apesar da etiologia.

ASSUNTO(S)

distúrbios da fala teses. análise prosódica (linguística) teses. atos de fala (lingüística) teses. distúrbios da articulação teses. entonação (fonética) teses. fonética acústica teses. fala teses. fonoaudiologia teses. parkinson, doença de teses. coreia de sydenham teses.

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