Obediência ou trangressão? Eis a questão! :

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Este estudo objetivou a investigação das crenças sobre o livro didático de duas professoras experientes dentro de uma mesma instituição de ensino. A instituição tem investido cada vez mais em tecnologia de ponta, como um diferencial de mercado. Essa instituição também tem substituído os livros didáticos publicados por editoras internacionais por livros didáticos publicados por editora própria. O objetivo desta pesquisa foi investigar o impacto que a adoção de tais materiais próprios tem causado no corpo docente da instituição. Para tanto, foram convidadas duas professoras para participar de um estudo de caso em que teriam que: a) responder a um questionário sobre crenças; b) ceder uma entrevista a respeito das respostas do questionário; c) ter duas de suas aulas observadas na íntegra pelo pesquisador; d) preparar os planos de aula referentes a essas duas aulas; e e) ceder entrevistas referentes aos eventos ocorridos durante as aulas observadas. O estudo identificou que uma das professoras tinha um perfil mais "obediente" em relação ao livro didático e ao manual do professor, evitando fazer alterações. Ela também demonstrou estabelecer uma relação de inferioridade e de "senhor-escravo" com o autor do livro didático, sempre seguindo as suas orientações e não se considerando apta a julgar e/ou avaliar as atividades propostas. A outra professora demonstrou ter um perfil mais "transgressor" em relação ao livro didático e ao manual do professor, fazendo alterações, omissões e adições sempre que julgava necessário, o que justificava segundo as necessidades dos alunos. Ela demonstrou estabelecer uma relação de igualdade com o autor do livro didático, "dialogando" com as atividades propostas, mantendo o que julgava adequado e modificando o que julgava necessário. O estudo conclui que ser "obediente" em relação ao livro didático pode estar relacionado a reificá-lo, o que implica a perda da habilidades desenvolvidas durante anos e a perda da noção do todo. Por sua vez, ser "transgressor" em relação ao livro didático não necessariamente significa desrespeitá-lo ou desprezá-lo. Pelo contrário: o estudo demonstra que essa postura "transgressora" é reflexo de uma relação madura e autônoma do professor com o "autor" do livro, em que o profissional se coloca na posição de interlocutor.

ASSUNTO(S)

livros didáticos professores linguistica aplicada crenças

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