O que não tem governo: estudo sobre linchamentos. / which has not government: study on lynchings.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

18/03/2011

RESUMO

Nesse trabalho tem-se a pretensão de discutir a relação entre o estabelecimento da modernidade e a busca para constituir o uso legítimo da violência pelas práticas de Estado. Tendo como tese a impossibilidade de que a realidade, socialmente construída, possa concretizar a intenção do ideário da ordem, do bem comum, do progresso e da vontade geral, aborda-se o caso dos linchamentos e eles são trazidos à tona como um exemplo da resiliente e rizomática vontade de potência. Assim, ao mapear as diferentes técnicas modernas de governamentalidade, realizou-se uma problematização do paradigma do uno, tentando-se apresentar a sempre reincidente relação entre desejo de ser uno e o caos. Realizou-se também uma crítica à invenção do objeto dito científico e ao corolário metodológico que visa capacitar-nos a descobrir, analisar e apresentar resultados científicos. Consultando meios de comunicação de massa, mapeou-se, na Paraíba de 2001 a 2010, 34 casos de linchamentos e observou-se que em todos os casos há um tipo ideal de vítima que é o homem entre 20 a 40 anos e que seja promotor dos crimes de violência sexual; roubo e acidente de trânsito. Os linchamentos são motivados quando acontecem crimes contra a pessoa ou propriedade e raramente são passíveis de punição. Os linchamentos nos acenam para uma tautologia entre a relação que se pensava superada entre religião, Estado e sociedade, nos mostrando que nós linchamos a vida considerada impura e que o linchamento tem por função social evitar a escalada da violência.

ASSUNTO(S)

linchamento violência poder modernidade sociologia power modernity violence lynching

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