O príncipe pacífico : Bossuet, Luís XIV e Antônio Vieira

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Nesta pesquisa, que traz por tema o pacifismo em Bossuet, busca-se demonstrar que, ao defender a imagem de um príncipe pacífico, o objetivo de Bossuet era fortalecer o poder real na França, de 1661 a 1701 período que se estende do início do reinado pessoal de Luís XIV ao ano em que Bossuet concebeu o livro nono da Politique tirée des propres paroles de lEcriture Sainte. Ao perceber a ameaça que a religião protestante representava para o poder constituído, Bossuet lutou para promover a unidade religiosa na França. Jamais aprovou, contudo, os métodos violentos utilizados pelos oficiais do Estado para converter os protestantes ao catolicismo; como também não influenciou Luís XIV a revogar o Edito de Nantes, que estabelecera a tolerância religiosa na França. Sentindo que, durante e após as guerras de conquista empreendidas por Luís XIV, as críticas internas e externas dirigidas a ele eram mais intensas, Bossuet esforçou-se por mostrar ao monarca o quanto as guerras de conquista eram prejudiciais aos reis. Baseado no Antigo Testamento e em Santo Agostinho, Bossuet adverte que os príncipes que empreendem guerras somente pelo amor ao poder e à glória são terrivelmente castigados por Deus. Por outro lado, partindo da hipótese de que, se toda a Europa se lançasse contra a França, o empreendimento da guerra justa, para defender o reino de ataques externos, no entender de Bossuet, seria abençoado por Deus. Diante de um inimigo mais poderoso, o príncipe não deve temê-lo, deve confiar em Deus e ir ao combate, pois Deus o ajudará nos campos de batalha, concedendo-lhe a vitória. Bossuet lembra, todavia, que Deus prefere os príncipes pacíficos aos guerreiros. Na galeria de reis do Antigo Testamento, o pacífico Salomão é a imagem buscada por Bossuet para ser seguida por Luís XIV. Diante dos ataques que a soberania real sofrera por parte dos monarcômacos da Revolução Inglesa de 1640 e da Fronda (1648-1653), como também de Pierre Jurieu, em 1689, Bossuet empenhou-se em refutar as ideias de soberania do povo, de contrato e de direito de resistência ao poder constituído defendidas por eles. Sustentado em São Paulo e em Santo Agostinho, Bossuet afirma que o poder dos reis vem diretamente de Deus e não do povo. Este deve obedecer aos príncipes independentemente de serem eles bons ou maus, pois todos eles foram estabelecidos por Deus. O povo não tem nenhum direito de empreender a guerra contra os seus governantes. O poder, a ordem e a paz pública somente são assegurados em um reino em que o direito de fazer a guerra pertence somente ao príncipe. Nos seis primeiros livros da Politique, a soberania é exaltada por Bossuet. Ele defende as características sagrada e absoluta da autoridade real. Sendo assim, participou do movimento de exaltação à glória de Luís XIV, dirigido por Colbert na década de 1660. Para ilustrar a compreensão das especificidades do pensamento teológico-político de Bossuet a respeito da defesa do pacifismo visando o fortalecimento do poder real, estabelecemos uma comparação com o que Luís XIV e Antônio Vieira refletiram sobre este assunto em suas obras; particularmente as Memórias de Luís XIV, redigidas entre 1668 e 1672, e o livro anteprimeiro da História do Futuro de Antônio Vieira, escrito de 1664 a 1665.

ASSUNTO(S)

bossuet 1661-1701 pouvoir pacifismo poder historia pacifisme france 1661-1701 frança bossuet

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