O papel da interleucina -1 beta na fase aguda do modelo de epilepsia do lobo temporal induzido pela pilocarpina / The role of interleukin 1 beta in acute phase of temporal lobe epilepsy model induced by pilocarpine

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

As epilepsias afetam aproximadamente 2% da população mundial. Dentre as diferentes síndromes epilépticas descritas, a epilepsia de lobo temporal (ELT) é a mais freqüente, representando 40% dos casos, os quais são frequentemente refratários ao tratamento clínico. Uma das ferramentas mais utilizadas para tentar compreender a fisiopatologia da ELT são modelos experimentais, os quais apresentam epileptogenicidade similar àquela observada em tecidos "epilépticos" humanos quando estudados ex vivo. Dentre os vários modelos disponíveis, aquele induzido pela pilocarpina, além de muito bem estabelecido em nosso meio, tem ampla caracterização molecular, histológica, fisiológica e fenomenológica. Estudos moleculares prévios nesse modelo experimental já demonstraram o aumento da expressão de vários genes durante a fase aguda (fase de estado de mal epiléptico), porém, permanece ainda obscuro, quais desses genes e/ou vias de sinalização poderiam ser críticos para a determinação das lesões (morte celular em regiões hipocampais específicas determinando a chamada esclerose mesial temporal) e responsáveis pela epileptogênese na fase crônica do modelo (crises parciais complexas espontâneas). Baseando-nos nesses achados prévios propomos investigar diretamente o papel do gene interleucina 1- b (Il1b), o qual tem a putativa função de aumentar a liberação de glutamato durante a fase aguda do modelo da pilocarpina. Nossa estratégia experimental foi baseada no silenciamento pós-transcricional pela técnica de interferência por RNA (RNAi) aplicada "in vivo". Nossos resultados indicam que o gene Il1b tem um papel relevante no controle da homeostase no SNC, pela alteração da atividade e expressão de fatores de transcrição, com 22 impacto na expressão de recaptadores de glutamato e na taxa de mortalidade dos animais pós status epilepticus (SE). Além disso, o silenciamento do gene Il1rn, foi capaz de diminuir a morte neuronal nas regiões CA1, CA3 e giro denteado do hipocampo, como observado no material obtido dos animais na fase crônica. No entanto, apesar das ações da Il1b que observamos na fase aguda, o aumento da sua ação pelo silenciamento do Il1rn, não foi capaz de alterar a ocorrência de crises crônicas recorrentes ou a reorganização sináptica (sprouting) observados na fase crônica. Portanto, nossos resultados demonstram que a alteração na expressão do gene Il1b foi capaz de mudar a resposta fenotípica dos animais na fase aguda e teve um impacto na redução da morte neuronal em regiões críticas do hipocampo na fase crônica, porém não parece ter um papel crítico na determinação da epileptogênese na fase crônica. Além disso, nosso trabalho demonstrou a viabilidade do uso da RNAi na investigação funcional de genes envolvidos na patogênese das epilepsias in vivo

ASSUNTO(S)

interferencia de rna modelos animais inflamação rna interference animal model inflammation

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