O gênero Memorial de formação : análise das rememorações de práticas de leitura e escrita no processo formativo / The written records of professional development gender : analysis of recollections of reading and writing practices in formative process

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/08/2011

RESUMO

Esta dissertação tem como objeto de estudo as rememorações, de um grupo de professoras, no que concerne ao ensino-aprendizagem de leitura e escrita, registradas em Memoriais de Formação produzidos como o trabalho final de um curso de formação em Pedagogia (Proesf), oferecido aos docentes em exercício na educação infantil e primeiras séries do ensino fundamental da região metropolitana de Campinas. Considerado como um gênero discursivo - que se materializa na forma de narrativa autobiográfica (PASSEGGI, 2003), o Memorial de Formação é constituído por rememorações dos processos históricos e socioculturais vividos pelos seus autores em diferentes contextos, principalmente o formativo, aliadas a uma discussão teórica estudada na academia (neste caso, leitura e/ou escrita). Pelo fato das rememorações carregarem um alto grau de subjetividade e historicidade, esta pesquisa filia-se ao campo da Linguística Aplicada e aos fundamentos da metodologia qualitativa interpretativista (MOITA-LOPES, 2006), uma vez que tais perspectivas valorizam os múltiplos significados presentes nos dados. A partir de uma análise enunciativa (BAKHTIN, 1929/1979) dos dados, atenta às marcas linguísticas e aos fenômenos enunciativos, objetivou-se detectar indícios do olhar dessas professoras para seus processos de ensino-aprendizagem de leitura e escrita e para as possíveis transformações de concepções sobre o tema, em decorrência da sua participação no Proesf, relacionando, assim, as evidências detectadas pela análise com os traços da historicidade do ensino de língua portuguesa no Brasil. Durante a análise dos dados, foi possível captar informações de como se realizavam certas práticas de linguagens em pelo menos três momentos das trajetórias de vida das autoras: nos primeiros anos escolares, no período que compreende de 5ª a 8ª séries do 1º grau ao magistério e no período em que participavam do Proesf. De modo geral, os dados indicaram que as práticas de ensino-aprendizagem de leitura e escrita que ocupavam posições privilegiadas nas aulas de língua portuguesa ainda nos anos 1980/1990, período em que a rememorações foram vivenciadas, continuavam sendo as mesmas tradicionais e consagradas por séculos, tais como: exercícios de caligrafia, de cópia, de ditados, de formação de frases, de leitura em voz alta, o ensino da gramática, leitura de clássicos literários seguidos de algum tipo de avaliação (prova ou resumo), exercícios de interpretação de texto descontextualizados. No entanto, também foram encontrados indícios de que o ensino baseado em uma concepção de língua sócio-interacionista estava surgindo, mesmo que de maneira incipiente, e chegava à escola o reflexo do deslocamento dos princípios que regiam o ensino de língua portuguesa até os anos anteriores. No percurso de escrita de seus Memoriais, as professoras mostraram-se conhecedoras dos conceitos e significações mais contemporâneos das práticas de linguagem divulgadas durante situações comunicativas vivenciadas no Proesf e, consequentemente, criticaram as práticas chamadas tradicionais, as quais fundamentaram o seu processo formativo

ASSUNTO(S)

memorial de formação lingua portuguesa - estudo e ensino - história educadores - autobiografia written records of professional development portuguese language autobiographical writing

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