O estilo em Matemática: pessoalidade, criação e ensino / Style in mathematics: selfhood, creation and teaching

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

08/05/2012

RESUMO

Este trabalho consiste numa investigação teórica sobre o estatuto do estilo em Matemática e seus desdobramentos sobre o ensino da disciplina. De início, o problema com o qual nos deparamos foi a própria pertinência do tema, a viabilidade do seu estudo. Assumindo a hipótese de que o estilo é uma manifestação da pessoalidade, como tratar dele no âmbito de uma disciplina cuja linguagem não comporta os elementos expressivos que transformam um texto numa mensagem pessoal? Como apreender um estilo se conteúdos matemáticos são despojados das perspectivas pessoais daqueles que os vislumbram? Com tais perguntas no horizonte, buscamos reunir argumentos que mostrassem a coerência e a relevância do estudo do estilo em Matemática. Para isso, as reflexões de Granger, Lorenzo e Moisés foram essenciais. Dedicamo-nos também a ressaltar o núcleo existente entre o estilo, a pessoalidade, o trabalho e a criação. No plano da pessoalidade, com Marías e Ortega y Gasset, discorremos sobre o estilo vital, um modo de ser singular que rege tacitamente nossas ações e decisões. Mostramos que trabalhar criativamente e utilizar as técnicas com consciência concedem ao homem a oportunidade de dar sentido a sua existência. Para fazê-lo é preciso, sem dúvida, recorrer à palavra, pois, como vimos com Ricoeur, nela reside o poder de superar os impasses de ordem técnica ou de resgatar o sentido de um trabalho que se tornou maquinal. Quanto à criação, compreendemo-la como realização das potencialidades individuais; além disso, mostramos que ações como imitar, repetir e copiar são meios para se alcançar a autonomia nos processos criativos, inclusive na sala de aula. Partindo do princípio de George Steiner de que criar é iniciar algo novo e de que o professor é responsável pela iniciação intelectual e espiritual de seus alunos, pretendemos que o trabalho docente seja um exercício de criação, um espaço para a emergência de um estilo. Baseando-nos na dualidade existente entre o estilo e a cosmovisão, mostramos que as concepções de conhecimento, de ensino-aprendizagem e de Matemática se articulam de maneira única em cada professor, delineando os contornos dos significados que ele articula em sala de aula e, consequentemente, a singularidade de seu estilo. Em função da crescente presença das tecnologias informáticas na escola e das mudanças que têm acarretado na RESUMO função do professor, com a consequente perda de nitidez de seu papel, propomos que ele atue como um artífice contemporâneo e que a aula de Matemática transcorra nos moldes de uma oficina. A valorização das diferenças pessoais implica, naturalmente, a não existência de um estilo correto, o que não significa ausência de parâmetros para balizar a ação docente. Pelo contrário, sob as diferenças existem traços que são invariantes, e que caracterizam o estilo do bom professor. Entre eles, podemos apontar: ter iniciativa, ter interesse pelos mais diversos assuntos, estar comprometido com a verdade e inspirar os estudantes. Acreditamos que o autêntico mestre é aquele cujo estilo contribui para o crescimento não só do conhecimento, mas também da pessoalidade do aluno.

ASSUNTO(S)

ensino epistemologia epistemology estilo filosofia formação do professor matemática mathematics philosophy style teachers education teaching

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