O ESPAÇO CARCERÁRIO E A REESTRUTRAÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIOESPACIAIS COTIDIANAS DE MULHERES INFRATORAS NA CIDADE DE PONTA GROSSA, PARANÁ

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

25/03/2011

RESUMO

Essa pesquisa tem por objetivo compreender a experiência do espaço carcerário feminino na reestruturação das relações socioespaciais cotidianas das mulheres infratoras na cidade de Ponta Grossa, Paraná. Nosso referencial empírico foi o Mini Presídio Hildebrando de Souza localizado na cidade de Ponta Grossa, a partir do qual realizamos dezessete entrevistas com roteiro semi - estruturado com as mulheres encarceradas durante os meses de outubro de 2009 a janeiro de 2010, bem como, coleta de dados por meio de questionários respondidos pelas detentas. Da mesma forma, realizamos entrevistas com oito mulheres egressas do espaço carcerário. A criminalidade feminina, e o número de mulheres encarceradas vêm crescendo expressivamente no Brasil. Entretanto, a Academia ainda tem dificuldade em explorar essa temática, seja pela sua polêmica, seja pela falta de metodologias coerentes. Mesmo as perspectivas feministas da ciência encontram constrangimentos nessas discussões, possivelmente por colocar abaixo a idéia, tão consolidada em nosso imaginário social, das mulheres enquanto seres frágeis, passivos e dóceis. É imprescindível apontar que a espacialidade carcerária não é fixa, imutável, subjugadora, como muitas vezes a imaginamos. O espaço carcerário é concebido, em nossa perspectiva, enquanto um produto de inter-relações, como uma esfera que possibilita a coexistência da multiplicidade, sempre em construção. O conceito de gênero é da mesma forma, um interessante componente de análise para as dinâmicas dos espaços prisionais, uma vez que é importante apontar que as espacialidades não são vivenciadas da mesma forma por todos os sujeitos. Evidenciamos que os dois grupos apresentam um perfil similar. São mulheres majoritariamente pobres, com baixa escolaridade e renda. São da mesma forma, em sua grande maioria mães, o que torna consequentemente seus filhos participantes das dinâmicas carcerárias. Podemos concluir da mesma forma, o quanto o sistema de varejo do tráfico de drogas está crescendo na cidade de Ponta Grossa. Podemos observar também o quanto às mulheres vêm se inserindo nessa dinâmica. As mulheres encarceradas na cidade de Ponta Grossa estão, em sua grande maioria, ligadas de alguma forma com as drogas, esta obtendo posição de centralidade em suas falas. Da mesma forma, concluímos a partir de suas falas que apesar de uma vivência formalmente administrada, essas mulheres conseguem encontrar mecanismos em seu cotidiano para burlar essa ordem. Com relação às experiências espaciais das mulheres ex detentas da cidade de Ponta Grossa evidenciamos que elas raramente conseguem retomar de forma plena seu cotidiano após o encarceramento. Da mesma forma, o condicionamento corporal imposto pela espacialidade carcerária permanece em suas ações mais pontuais. Suas maiores dificuldades se relacionam ao afastamento sentimental dos filhos, da família e dos companheiros. A estigmatização dessas pessoas pela sociedade também implica em menor probabilidade de conseguirem retomar suas vidas profissionais.

ASSUNTO(S)

espaço carcerário mulheres gênero egressas prison space women gender ex-prisioners women geografia

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