Nucleotidases e depressão : efeito de fármacos antidepressivos no catabolismo do ATP extracelular

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A depressão é a manifestação mais comum dos distúrbios afetivos. É uma das doenças mais debilitadoras e causa problemas tanto para o indivíduo quanto para a sociedade e, se não for tratada, pode levar ao aumento da morbidade e mortalidade. O uso de fármacos antidepressivos é a base dos tratamentos para depressão. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina, como a fluoxetina e a sertralina, e os antidepressivos tricíclicos, nortriptilina e clomipramina, são constantemente utilizados no tratamento para a depressão. Evidências têm demonstrado o importante papel desempenhado pelo ATP e a adenosina no sistema nervoso central. O ATP pode ser armazenado e co-liberado juntamente com outros neurotransmissores, tais como a noradrenalina e a serotonina. O ATP extracelular pode ser hidrolisado até adenosina pela ação de um grupo de ecto-nucleotidases. Estas ecto-enzimas promovem a conversão enzimática de ATP, controlando os níveis deste nucleotídeo e do seu nucleosídeo adenosina. Dentro do grupo das ecto-nucleotidases, podemos destacar a família das NTPDases (Nucleosídeo trifosfato difosfoidrolases) e a ecto-5- nucleotidase. Considerando que: (i) a adenosina exerce um importante papel neuromodulador, (ii) o ATP pode ser co-liberado com serotonina e noradrenalina e (iii) as ecto-nucleotidases representam a principal rota de formação de adenosina extracelular através do catabolismo do ATP, torna-se importante avaliar o efeito de fármacos antidepressivos sobre a via das ecto-nucleotidases. Fluoxetina, sertralina, nortriptilina e clomipramina foram testadas no tratamento in vitro, nas concentrações de 100, 250 e 500 M no soro e em sinaptossomas de hipocampo e córtex cerebral de ratos. A hidrólise de ATP e ADP foram inibidas de maneira dose-dependente no tratamento in vitro realizado com os quatro fármacos em sinaptosomas de hipocampo e córtex cerebral de ratos, mas a hidrólise de AMP não foi alterada. O tratamento in vitro em soro de ratos não afetou nenhuma das atividades enzimáticas estudadas. Fluoxetina e nortriptilina foram testadas no tratamento in vivo, na dose de 10mg/Kg. O tratamento agudo (1 hora após a administração) com nortriptilina provocou uma inibição na hidrólise de ATP em soro de ratos. Entretanto, o tratamento crônico (14 dias) com ambas as drogas provocou uma inibição na atividade das NTPDases e da ecto-5-nucleotidase em soro. O tratamento agudo com fluoxetina não alterou a atividade das enzimas em sinaptossomas de hipocampo e córtex cerebral. Entretanto, o tratamento agudo com nortriptilina levou a um aumento na hidrólise de ADP no córtex cerebral e induziu uma diminuição na hidrólise de ATP e ADP no hipocampo. O tratamento crônico com fluoxetina provocou uma inibição na hidrólise de ATP no hipocampo e no córtex cerebral e aumentou a hidrólise de ADP e AMP no córtex cerebral. Após tratamento crônico com nortriptilina, houve uma diminuição da hidrólise de ATP no hipocampo, mas foi observado um aumento nas atividades destas enzimas no córtex cerebral. A expressão gênica das NTPDases e ecto-5-nucleotidase foi alterada após os tratamentos agudo e crônico com fluoxetina e nortriptilina em hipocampo e córtex cerebral de ratos. Os resultados demonstram que estes fármacos antidepressivos podem influenciar as enzimas envolvidas na formação do neuromodulador adenosina, sugerindo que o sistema purinérgico pode ser alvo dos efeitos neuroquímicos promovidos por estes fármacos

ASSUNTO(S)

depressÃo neurotransmissores biologia geral biologia celular antidepressivos

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