Nanoemulsões carregadas com anfotericina B para o tratamento das leishmanioses: uma nova abordagem

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/12/2011

RESUMO

O tratamento das leishmanioses inclui a abordagem tópica ou sistêmica. A terapia parenteral convencional baseia-se na utilização de antimonias pentavalentes. A anfotericina B (AmB), fármaco de segunda escolha, pode ser utilizada quando o tratamento com os antimoniais não é indicado ou no caso de falha terapêutica. A estrutura química peculiar da AmB torna o fármaco praticamente insolúvel em água e na maioria dos solventes orgânicos. A formulação convencional da AmB é uma dispersão coloidal na qual o fármaco associa-se ao desoxicolato de sódio (AmB-D). Embora efetivo, o tratamento com essa formulação é acompanhado de toxicidade frequente. As formulações lipídicas comercialmente disponíveis surgem como forma de superar esse inconveniente. É conhecido que tais sistemas diminuem a toxicidade relacionada à AmB, porém seu alto custo e dificuldades de preparo em escala industrial impedem seu amplo uso. As nanoemulsões (NE) são uma alternativa atraente para carreamento de AmB, uma vez que são sistemas lipídicos, capazes de reduzir a toxicidade do fármaco, além de serem de baixo custo e fácil obtenção. A estratégia de incorporação da AmB nas NE sem o uso de solventes orgânicos faz uso do perfil de pH-solubilidade do fármaco. Este trabalho tem por objetivo desenvolver NE carregadas com AmB com e sem o lípide catiônico estearilamina (STE). A influência da STE sobre as características físico-químicas e biológicas das NE foi investigada. As NE foram preparadas pelo método de homogeneização a quente, utilizando sonda de ultrassom. O diâmetro médio dos glóbulos foi menor na presença de STE do que na sua ausência. O potencial zeta foi positivo e aumentou em função do teor de STE, contrastando com as formulações sem esse lípide, que apresentaram valores negativos de potencial zeta. A eficiência de encapsulação (EE) da AmB foi alta, independente da presença de STE. Estudos de estabilidade de NE carregadas com AmB, com e sem STE, indicaram que ambas as formulações são estáveis. Análises de dicroísmo circular mostraram que a AmB presente nas NE encontra-se predominantemente na forma monomérica, que é a forma menos tóxica para o hospedeiro e mais ativa contra células do parasita, em contraste com a formulação comercial AmB-D, na qual há uma grande proporção de fármaco livre na forma oligomérica. Os resultados dos estudos de citotoxicidade in vitro, por meio do ensaio de MTT em macrófagos da linhagem J774, indicaram que as NE carregadas com AmB sem STE e contendo STE 0,1% p/v são menos citotóxicas do que a formulação comercial AmB-D. Além disso, o aumento da concentração do lípide catiônico nas formulações induz aumento de citotoxicidade. Estudos de eficácia in vitro em macrófagos J774 infectados com Leishmania (Leishmania) amazonensis mostraram que a NE carregada com AmB com STE 0,1% p/v apresenta eficácia comparável à AmB-D. Embora a NE carregada com AmB sem STE tenha apresentado eficácia estatisticamente inferior à formulação convencional, essa redução não é expressiva, tendo em vista o ganho que tal formulação traz em termos de seletividade entre células do hospedeiro e do parasita, sendo, portanto, uma alternativa atrativa para o tratamento das leishmanioses.

ASSUNTO(S)

anfotericina b teses. nanotecnologia teses. leishmaniose teses. tecnologia farmaceutica teses. farmácia teses.

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