Música &semiótica: um estudo sobre a questão da representação na linguagem musical

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1991

RESUMO

Considerando a teoria semiótica de Charles Sanders Peirce como matriz para a investigação da Semiose na música, partiu-se da hipótese básica de que, em acordo com a estrutura da ação do Signo, a música pode ser compreendida em suas relações intrínsecas, referenciais e de interpretação. Este estudo, porém, visa apenas abordar os principais modos de representação musical, isto é, os Signos musicais em relação aos seus possíveis Objetos. Desta forma, é na tríade icone, indice e Símbolo que se apoiaram as análises do fenomeno musical. Cobrindo as principais formas de representação, abrangendo obras, gêneros, estilos e sistemas musicais diversos, as análises foram tão exaustivas quanto possível, sem, no entanto, pretender dominar toda a música. Trata-se antes de uma dissertação sobre a viabilidade de certas hipóteses do que uma teoria acabada da significação musical. O resultado das investigações levou a desdobrar o papel dos icones na música em dois planos. Enquanto linguagem autonoma (música absoluta), na qual a referência volta-se para a própria materialidade acústica, presentificada em entidades individuais regidas por determinadas leis. Em segundo lugar, a função dos signos iconicos, abarcando representação por semelhanças nas qualidades de aparência (Imagens), qualidades de movimento e qualidades formais (Diagramas) e interação de significados (Metáforas). A amplitude desse tipo de referência é tal que abarca não apenas as onomatopéias musicais mas também certos aspectos da Affektenlehre, da música de programa, da música especulativa (das esferas), paródias e metalinguagem. O conjunto destes dois estudos revelou a suma importância dos icones na significação musical. Em relação ao problema da contigüidade (questão do indice), a música refere ao contexto cultural, étnico e social. Como todo existente, obras ou sistemas musicais estão inseridos em relações dinâmicas, funcionando como indices. Por outro lado, a representação indicial faz com que esses mesmos fatores funcionem significativamente. É assim que o nacionalismo, a música engajada e de certa forma a música Romântica (enquanto expressão individual) representam seus Objetos. Finalmente, por convenção, a música pode representar uma infinidade de Objetos. Símbolos musicais são peças importantes, atuando geralmente em colaboração com signos iconicos, na música de programa, ópera leitmotiv e peças diversas. Não se pode esquecer que grande parte dos sistemas musicais não ocidentais fazem do Símbolo um eficiente meio de representação e organização estética. A dissertação encerrar-se-á com um caso estudo: uma análise da peça " II Combattimento de Tancredi et Clorinda", de Claudio Monteverdi, no qual daonstrar-se-á a interdependência dos três principais modos de repnsentação musical

ASSUNTO(S)

comunicacao

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