Morcegos (Mammalia; Chiroptera) de áreas nativas e áreas reflorestadas com Araucaria angustifolia, Pinus taeda e Eucalyptus spp. na Klabin - Telêmaco Borba, Paraná, Brasil.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Atualmente, o Brasil possui 5,74 milhões de hectares de reflorestamentos entre Pínus, Eucalipto, Araucária e outras espécies. O primeiro capítulo visa contribuir para o conhecimento sobre como os quirópteros utilizam áreas reflorestadas no Paraná, e tem por objetivo comparar a diversidade, a similaridade e a riqueza de espécies de quirópteros que utilizam áreas nativas e reflorestamentos. Estudos foram desenvolvidos em áreas nativas e reflorestadas na Fazenda Monte Alegre de propriedade da Klabin S/A, situada no município de Telêmaco Borba, Paraná. Os reflorestamentos formam um mosaico com os fragmentos de mata nativa. Os trabalhos de campo foram realizados em duas etapas, em duas áreas nativas do Parque Ecológico (Nativa-1 e 2) e em reflorestamentos com araucária, pínus e eucalipto. Ao final das coletas foram capturados 673 morcegos num total de 20 espécies distribuídos em três Famílias: Phyllostomidae (11 espécies), Molossidae (1) e Vespertilionidae (8), sendo 142 indivíduos oriundos da Nativa-1 com 16 espécies, 143 da Araucária com 13 espécies, 196 da Nativa-2 com 12 espécies, 106 do Pínus com 13 espécies e 86 do Eucalipto com 11 espécies. Das 20 espécies registradas, sete foram ocorrências novas, elevando para 24 o número de espécies de morcegos para a região. Sturnira lilium foi a espécie mais freqüente em todas as áreas seguido por A. lituratus e C. perspicillata. Entre as áreas estudadas, a Nativa-1 apresentou os maiores índices de diversidade de Shannon, Simpson 1-D e Margalef, enquanto que o Eucalipto mostrou a menor diversidade. Ocorreram diferenças significativas nos índices de diversidade entre as áreas. Só não foi observada diferença na diversidade entre as áreas reflorestadas (Araucária x Pínus e entre Pínus x Eucalipto). Os índices de similaridade de Jaccard e Sorenson apontaram uma maior similaridade entre Araucária x Pínus e Pínus x Eucalipto, já a menor similaridade ficou entre as duas áreas nativas com o Eucalipto. Os modelos estatísticos para riqueza de espécies estimam 29 espécies de morcegos para a região da Klabin. De acordo com essas estimativas seriam acrescidas duas espécies para Nativa-1 e Araucária, sete para a Nativa-2 e de cinco a dez espécies para o Eucalipto. O segundo capítulo tem por objetivo comparar entre as áreas estudadas: hábitos alimentares, ciclo reprodutivo dos quirópteros além de avaliar as taxas de recaptura nos reflorestamentos, observando se eles atuam como corredores biológicos e contribuem na conservação dos morcegos. Dos 673 morcegos capturados, obteve-se um total de 347 amostras fecais e 20 itens alimentares, distribuídos em 5 famílias vegetais com 13 espécies (n= 272), 3 ordens de insetos (n= 60), uma amostra de sangue digerido e 14 amostras vegetais não identificadas. Do total de amostras fecais, 13,5% foram provenientes da Nativa-1, 17,6% da Araucária, 33,1% da Nativa-2, 20,2% do Pínus e 15,6% do Eucalipto. O teste t aplicado aos índices de diversidade Shannon para os itens alimentares observados nas cinco áreas indicou que entre as áreas reflorestadas há diferenças significativas na oferta de alimento aos morcegos, enquanto que entre áreas nativas e reflorestadas não há diferenças. O número de guildas tróficas variou entre as áreas, tendo a Nativa-1 sete guildas, a Nativa-2 três e as demais quatro. Entre os itens alimentares de origem vegetal, os mais consumidos foram as solanáceas e as piperáceas com 36% e 25,9% da amostras fecais respectivamente, seguidos pelas moráceas 7,2% e cecropiáceas 5,8%. Entre os insetos com 17% destacam-se os coleópteros, dípteros e lepidópteros. Cerca de 80% das amostras fecais foram provenientes de S. lilium, A. lituratus e C. perspicillata. Sendo que na dieta de S. lilium há um predomínio de solanáceas (52%) e piperáceas (29%), A. lituratus consumiu de maneira semelhante solanáceas, cecropiáceas e moráceas (26% cada) e C. perspicillata apresentou uma dieta baseada em piperáceas com 76%. A presença de fêmeas grávidas apresentou correlação significativa com a temperatura (rs = 0,8313; p = 0,0008). Os períodos mais favoráveis a reprodução de S. lilium e A. lituratus foram o outono (março e abril) e a primavera e o verão (de setembro a fevereiro). O pico no número de grávidas de S. lilium e lactantes de A. lituratus ocorreu em janeiro. As demais espécies, apesar das poucas capturas, apresentaram fêmeas grávidas nos períodos mais quentes do ano. O número de fêmeas grávidas foi proporcionalmente maior em áreas reflorestadas do que em nativas. O número de recapturas registrado aqui é semelhante ao encontrado em áreas preservadas. A baixa taxa de recaptura é um indício de que na Klabin as espécies de morcegos se dispersam por grandes áreas durante o forrageio, principalmente em áreas de mata nativa. O baixo número de recapturas no Pínus e Eucalipto não permite afirmar que as áreas de reflorestamento são utilizadas como corredores ecológicos, mas os morcegos podem também utilizar os reflorestamentos como áreas de forrageio visto que metade dos espécimes capturados e 53% das amostras fecais foram provenientes das áreas reflorestadas, indicando a importância dessas áreas na conservação dos quirópteros.

ASSUNTO(S)

reflorestamentos reforestations eucalyptus eucalipto araucária ecologia richness estimators. diversidade de morcegos pínus araucaria pine diversity of bats estimadores de riqueza.

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