Mensalão e Crise Política: a constituição do sujeito nas inscrições enunciativas da Revista Veja ao significarem o Partido dos Trabalhadores

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Esta pesquisa tem como propósito analisar o sujeito discursivo e como ele se constitui nas inscrições enunciativas da Revista Veja ao significarem o Partido dos Trabalhadores. Em sua realização, fomos interpelados pelo construto teórico da Análise do Discurso de vertente francesa, utilizando-se como pilares do escopo teórico as noções de sujeito, sentido, história, heterogeneidades, memória, poder e intericonicidade; conceitos buscados em Pêcheux ([1975] 1988; [1969] 1990; [1983] 2002; [1981] 2009), Courtine ([1990] 1999; 2003; 2005; 2006; [1981] 2009), Foucault ([1969] 1992; [1969] 1995; [1971] 1996; [1979] 2007; [1982] 1994) e Authier-Revuz ([1983] 1990; [1982] 2004). Utilizamos, também, como aporte teórico que balizaram as análises, o conceito de identidade postulado pelos estudos culturais contemporâneos, conceito este que coaduna com a noção de sujeito discursivo. Ademais, ainda constitutivo do arcabouço teórico, discorremos sobre a noção de discurso político e qual perspectiva foi adotada nesta pesquisa. O objetivo geral foi demonstrar, por meio das regularidades da linguagem, a emergência de sujeitos inscritos nestes discursos, bem como os efeitos de sentido produzidos pelas inscrições enunciativas da revista. A constituição do corpus se deu por recortes de elementos verbais e não-verbais de artigos que remontam os anos de 2005 a 2007, período de maior ebulição da crise do mensalão, sendo que, ao todo, foram selecionadas sete matérias. Destarte, as análises via recorte (Orlandi, 1989) dos enunciados (Foucault, [1969] 1995) possibilitaram-nos problematizar e explicitar quais vozes ecoam no discurso do sujeito e assim apontar em quais posições estes enunciadores se inscrevem. As estratégias de poder, inerentes aos discursos, se revelaram na descaracterização e ilegitimidade do outro nos planos verbal e não-verbal. No plano verbal, algumas estratégias foram: a ativação de memórias antagônicas ao partido e reiteração de discursos inscritos em posições contrárias ao governo, como estratégia de chancela de sua posição e conspurcação de seu referente. Ou, quando ecoam vozes favoráveis ao partido, estas emergem para, em dado momento, serem refutadas e/ou reconfiguradas pelo sujeito. No que tange à relação entre o verbal e não-verbal, observamos as legendas como norteadoras de sentidos da imagem, somando-se ao não-verbal, restringindo e/ou ampliando sua polissemia. No plano não-verbal, percebemos certa regularidade na produção de imagens possibilitadas pelas novas ferramentas tecnológicas, como criação, retoque e transmudação de cenas, criando novos lugares; permitindo, assim, validar o dito no plano verbal. Em tempos de infinitas possibilidades no plano imagético, esta produção não-verbal é uma espécie de chancela ao materializado no verbal. Desse modo, verificamos no exercício analítico, a importância de se agregar todos os elementos constitutivos do artigo como, por exemplo, da capa (layout, diagramação, formas, cores, o verbal) com a matéria dentro da revista. Assim, as análises empreendidas, nesta pesquisa, permitem-nos afirmar que a resistência do sujeito se dá, tanto em relação à reeleição e continuidade político-partidária petista pós-mensalão, como também marca seu desfavorecimento a este desde seu surgimento. Outrossim, em tempos de espetacularização política, o enunciador utiliza-se da ironia e zombaria como meios de desqualificação de seu referente. Estas técnicas perpassam estes discursos, marcam sua posição e ratificam nossas pressuposições.

ASSUNTO(S)

análise do discurso memória discursiva partido dos trabalhadores revista veja sujeito linguistica discursos parlamentares discourse analysis discursive memory brazilian labour party (pt) veja magazine subject

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