Mastopatia fibrótica: revisão clínica, de imagem e patológica de 31 casos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Introdução: a mastopatia diabética ou mastopatia fibrótica é uma lesão benigna, pouco freqüente, normalmente associada a diabetes mellitus tipo 1 de longa duração e que clínica e radiologicamente pode simular um carcinoma. Objetivos: investigar os casos dos pacientes com diagnóstico histológico de mastopatia diabética/mastopatia fibrótica/mastopatia linfocítica com diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2, outras doenças auto-imunes e não diabéticas. Métodos: foram analisados 31 pacientes da Unidade de Mastologia do Hospital de Base do DF e da clínica privada pessoal, a partir dos laudos histológicos das mesmas, no período de 1994 a 2007. Resultados: todos os pacientes eram do sexo feminino. A média de idade foi de 46,6 anos. O motivo mais freqüente de consulta foi de tumor em 22 pacientes (71%). Onze pacientes (35,5%) tinham mais de 12 meses de evolução e seis (19,3%) foram achados de exame. Seis pacientes (19,3%) tinham lesões não palpáveis; 15 pacientes (48,4%) tinham lesão entre 10 e 30 mm; e duas (6,4%) tinham lesão superior a 50 mm. Dez pacientes (32,2%) com ausência de patologias. Nove pacientes (29%) eram diabéticas, sendo que seis delas (19,3%) eram portadoras de diabetes tipo 2 e três (9,7%) eram portadoras de diabetes tipo 1. Três (9,7%) eram intolerantes à glicose. Sete pacientes (22,6%) tinham mastopatia fibrótica e câncer. Dessas, seis (19,3%) apresentavam câncer de mama e uma (3,2%) de tireóide. Das seis pacientes (19,3%) que tinham câncer de mama, quatro (12,9%) apresentavam alterações do metabolismo da glicose e duas (6,4%), somente câncer de mama. Duas (6,4%) eram hipotiroideas. Onze pacientes (35,5%) tiveram hipótese diagnóstica de câncer e sete (22,6%) de nódulo a esclarecer. Somente uma paciente (3,2%) teve o diagnóstico inicial correto de mastopatia diabética feito pelo mastologista com base na história clínica de diabetes mellitus de longa duração e achados clinícos. Em 20 pacientes (64,5%) houve algum grau de suspeição de malignidade. A mamografia foi compatível com mamas densas em seis pacientes (19,3%); com lesão benigna em oito (25,8%); com lesão suspeita em sete (22,6%); e em uma (3,2%) foram observadas microcalcificações suspeitas. Em 13 pacientes (41,9%) os exames de ultra-som (US) foram compatíveis com lesão benigna e em nove (29%) com lesão suspeita. Dez pacientes (32,2%) fizeram ressonância magnética (RM) com contraste, sendo três (9,7%) para diagnóstico e sete (22,6%) para seguimento de recorrência. Em sete pacientes (22,6%) o material da punção aspirativa por agulha fina (PAAF) foi insuficiente. Doze pacientes (38,7%) foram submetidas à biópsia por agulha de grosso calibre. Trinta pacientes (96,8%) foram submetidas à biópsia cirúrgica. A média do tempo de diagnóstico da mastopatia foi de 56,3 meses. Das 12 pacientes (38,7%) que tinham distúrbio do metabolismo da glicose, cinco (41,7%) tiveram o diagnóstico de diabetes mellitus após a biópsia, e nas demais a média do tempo do diagnóstico foi de 165,6 meses. Oito pacientes (25,8%) apresentaram recidiva. Foram avaliados a presença e o tipo do infiltrado lobular linfocítico, fibroblastos epitelióides, linfócitos intra-epiteliais e feito estudo imunohistoquímico para CD-20CY, CD-45RO, CD-68 e actina. Em 27 pacientes (87,1%) foi possível fazer revisão de lâminas para avaliar o infiltrado lobular linfocítico, fibroblastos epitelióides e linfócitos intra-epiteliais. Infiltrado lobular linfocítico: em 17 pacientes (63%) o resultado foi +; em sete (25,9%) foi ++; e em três (11,1%) foi +++. Fibroblastos epitelióides: em 13 pacientes (48,1%) o resultado foi +; em 11 (40,7%) foi ++; e em três (11,1%) foi +++. Linfócitos intra- epiteliais: em 13 pacientes (48,1%) estavam presentes. Em 26 pacientes (83,9%) foi feito estudo imunohistoquímico para CD-20CY e actina. CD-20CY: em 20 pacientes (76,9%) o resultado foi +; em cinco (19,2%) foi ++; e em uma (3,8%) foi +++. Actina: em duas pacientes (7,6%) o resultado foi +; em 19 (73,1%) foi ++; em cinco (19,2%) foi +++. Em 28 pacientes (90,3%) foi feito estudo para CD-45RO e em 22 (71%) para CD-68. CD-45RO: em 19 pacientes (67,9%) o resultado foi ++; e em nove (32,1%) foi +++. CD-68: em 16 pacientes (72,7%) o resultado foi +; em cinco (22,7%) foi ++; e em uma (4,5%) foi +++. Conclusões: a mastopatia fibrótica pode ocorrer tanto em pacientes diabéticas e com outras doenças auto-imunes quanto em pessoas com ausência de patologias. Encontramos oito recorrências (25,8%) e regressão da lesão em uma paciente (3,2%). Somente existe associação entre a dimensão da lesão e o motivo da consulta (p=0,0066) e há uma predominância dos linfócitos T sobre os B (p <0,001)

ASSUNTO(S)

diabetes mellitus mastopatia diabética mastopatia linfocítica mastopathy fibrous mastopathy mastopatia medicina diabetic mastopathy mastopatia fibrótica diabetes mellitus lymphocytic mastopathy

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