Letramento escolar: eventos e apropriações de gêneros textuais por adolescentes

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/04/2011

RESUMO

Este trabalho tem por objeto a situação de adolescentes matriculados no 3º ciclo com desenvolvimento insuficiente das habilidades de leitura e de escrita. Visa descrever e analisar eventos e práticas de letramento escolar, evidenciando as produções textuais elaboradas em sala de aula, bem como o processo de apropriação de gêneros e tipos textuais pelos adolescentes. A presente pesquisa se inscreve nos estudos sobre letramento escolar e gêneros discursivos, assumindo como perspectiva teórica a linguagem em sua natureza social e dialógica, produzida enquanto ação humana (BAKHTIN, 2003; STREET, 1984 e 2003; SOARES, 2003 e 2004; KLEIMAN, 1995; SCHNEUWLY e DOLZ, 2004; ROJO, 1998 e 2009 e RIBEIRO, 1999 e 2003). A pesquisa foi realizada nos meses de março a dezembro de 2007 e acompanhou o trabalho desenvolvido por uma professora e 42 adolescentes, com idades entre 12 e 17 anos, no projeto intitulado Rede do 3º ciclo, organizado pela Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte, Minas Gerais, cujo objetivo era criar canais reais de diálogo entre o letramento escolar e a cultura dos jovens adolescentes, permitindo a inclusão destes na prática escolar do 3º ciclo. Adotamos uma metodologia de natureza qualitativa, de inspiração etnográfica do tipo combinatória, visando desvelar o saber próprio adquirido no contexto das experiências vivenciadas em sala de aula (GREEN, DIXON, ZAHARLICK, 2005; CASTANHEIRA, 2004 e RAYOU, 2005). A partir da observação participante, foram organizados e analisados cinco eventos de letramento, evidenciando as ações desenvolvidas pela professora e pelos alunos no momento da produção textual, e destacando os modos como os gêneros foram lidos e produzidos em sala de aula (práticas de letramento ensinadas). Na análise dos eventos, constatou-se um procedimento padrão nas ações da professora: oferecer um modelo do gênero textual antes de solicitar a sua produção; propiciar a devolução do texto produzido e revisado pela professora, por meio da leitura, em sala de aula; e socializar a produção via mural ou encadernação dos textos, disponibilizados na biblioteca da sala. Considerando os dados apurados no grupo focal e nas entrevistas, foram analisados, especificamente, os enunciados dos adolescentes no que se refere aos gêneros textuais ensinados e seu processo de apropriação, além da análise dos usos sociais da leitura e da escrita (práticas de letramento adquiridas). Constatou-se que os adolescentes protagonizavam a cena escolar, quando modificavam o gênero textual solicitado (do anúncio para a piada, por exemplo) e quando utilizavam o desenho para moldar o discurso. Por outro lado, eram confrontados com a ideologia presente na esfera de circulação do discurso escolar (na censura ao desenho e às palavras empregadas na escrita dos bilhetes, por exemplo). Nesta análise pôde-se perceber que é preciso investir em propostas pedagógicas que procurem estabelecer um diálogo entre o letramento escolar e as culturas do jovem adolescente, no sentido de ampliar os níveis de alfabetismo e gerar resultados positivos nas avaliações nacionais e internacionais, que, apesar de considerar apenas um tipo de letramento, permite aos jovens adolescentes uma inserção em diferentes contextos de maneira crítica e protagonista.

ASSUNTO(S)

educação teses. alfabetização. adolescência. adolescentes educação.

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