INTELECTUAIS E EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL (1994-1998)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/02/2012

RESUMO

Esta dissertação problematiza as ações dos intelectuais envolvidos com o debate brasileiro a respeito da Educação Infantil no período circunscrito entre 1994 e 1998. Em termos específicos, discute as intervenções intelectuais em três momentos da história da Educação Infantil: Coedi/MEC (1994-1997), Coedi/MEC (1997-1998) e Anped. Sob a coordenação de Angela Maria Rabelo Ferreira Barreto (1994-1997), os intelectuais sistematizaram um conjunto de sete cadernos que tinha por objetivo subsidiar a organização de uma política nacional para EI. Entretanto, esse grupo não efetivou a organização de um documento único para a EI (referencial), caracterizando uma das razões de sua saída do MEC, mesmo sendo portador de capital cultural amplamente reconhecido no campo da EI. Ao contrário, o grupo liderado por Gisela Wajskop (1997-1998) atendeu ao modelo de políticas públicas propalado pelo MEC, ao sistematizar o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. O Rcnei teve forte reverberação entre os intelectuais da EI, em especial entre os integrantes do grupo vinculado ao GT7 da Anped, motivando-os a vir à cena pública e a pôr em dúvida a verdade oficial apresentada pelo Ministério da Educação. As ações dos intelectuais no MEC são discutidas à luz de Pierre Bourdieu, particularmente do conceito de intelectual bidimensional, o qual nos permite afirmar que as querelas enfrentadas pelos dois grupos são próprias da condição bidimensional do intelectual que, detentor de capital cultural, ocupa funções no campo político, no qual as regras, os jogos são próprios e, portanto, diferentes das normas do campo científico. Já as intervenções do grupo pertencente ao GT7 são compreendidas a partir do conceito de intelectual crítico de Michel Foucault e intelectual coletivo de Bourdieu, por meio dos quais podemos sustentar que a função do intelectual é não aceitar passivamente certas imposições, utilizando-se de manifestos, petições, mídias para tornar públicas suas inquietações e reivindicar ações, no campo de sua competência. As atuações dos intelectuais na discussão da EI foram conformadas pelos espaços sociais que ocuparam, seja no MEC e/ou na Anped, caracterizando peculiaridades de suas funções, pois, ao adentrarem as esferas do MEC, conviveram com a determinação de articular as ideias pedagógicas e a demanda por elaboração de políticas públicas e, ao regressarem ao campo acadêmico, principalmente, ao dimensionarem suas estratégias do interior da Anped, exerceram um papel de crítica aos resultados advindos do Rcnei. Portanto, a fertilidade da relação entre intelectuais e política inscreve-se no calor das grandes lutas, aspecto determinante que nos motivou a investigar a dialética entre os formuladores do pensamento educacional e organizadores da política.

ASSUNTO(S)

intellectuals educação infantil políticas educacionais história intelectual intelectuais educacao intellectual history educational politics early childhood education

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