Inovação e desigualdade no desenvolvimento da agricultura paulista

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

Por definição, o desenvolvimento econômico deveria elevar o nível de vida das populações, incluindo da agrícola. A modernização da agricultura paulista, apesar de ser considerada a mais avançada entre os estados brasileiros, não ocorreu de forma homogênea em todo o seu território, de maneira a resultar em uma elevação do nível de vida de toda a população agrícola. O objetivo desta tese foi demonstrar a desigualdade social e econômica que o processo de desenvolvimento da agricultura gerou no espaço agrário paulista. O desenvolvimento é compreendido como um processo que produz e reproduz desigualdades. no espaço, pois é um processo de busca de inovações que provoca assimetrias tecnológicas que se expressam em diferentes capacitações técnicas e gerenciais das unidades produtivas em uma região. Nosso argumento é que por ser um fenômeno misto, que envolve as decisões dos atores sociais em investir na expectativa de auferir lucro, e é propiciado por fatores institucionais, que formam as condições contextuais de infra-estrutura, organizacionais, sociais, entre outros, deve ser alvo de políticas públicas que podem contribuir para a redução das desigualdades. A hipótese geral da pesquisa é que diferentes condições históricas, sociais, econômicas e naturais - que são as bases sobre as quais o desenvolvimento se processa são encontradas nas extensões geográficas e, ao longo do tempo, os efeitos assimétricos provocados pelas inovações difundem-se heterogeneamente no espaço, reforçando disparidades regionais. Argumentamos que a história recente do desenvolvimento da agricultura paulista pode ser interpretada como sucessões de inovações que se disseminaram no espaço configurando regiões especializadas, e marginalizando regiões que não conseguiram oportunidade para adotar e difundir inovações. Apreendemos a desigualdade espacial desse desenvolvimento, combinando estatísticamente indicadores econômicos, sociais e ecológicos, e fazendo um recorte de seus municípios, encontrando 12 classes que expressam a heterogeneidade estrutural da agricultura paulista. A tipologia construída permite argumentar que os efeitos econômicos do modelo agrícola produtivista não foram suficientes para reduzir as disparidades no espaço agrário paulista, e que a falta de mecanismos naturais que induzam a sua superação, dados os fortes condicionantes econômicos e sociais de várias regiões, impõe a necessidade de políticas sociais

ASSUNTO(S)

desenvolvimento economico - são paulo (estado) bem-estar social agricultura - mecanização

Documentos Relacionados