Influencia da frequencia de estimulos sobre o bloqueio neuromuscular produzido pelo pancuronio e pelo rocuronio : um estudo clinico e experimental

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

Além dos fatores relacionados ao paciente, ao bloqueador neuromuscular, fatores técnicos relacionados com a monitorização da função neuromuscular podem influenciara instalação do bloqueio neuromuscular. O objetivo do presente estudo foi avaliar a influência de duas diferentes freqüências de estúnulos sobre o tempo de instalação do bloqueio neuromuscular produzido pelo Pancurônio e pelo Rocurônio. Este estudo foi desenvolvidoem duas etapas: uma etapa clínica e uma experimental. No estudo clínico foram incluídos 120 pacientes, estado ASA I e lI, submetidos a cirurgias eletivas sob anestesia geral, distn"buídos aleatoriamente em dois grupos de acordo com a freqüência de estúnulos empregada: Grupo I - O,lHz (n=60) e Grupo II - 1Hz (n=60). Em cada grupo formaram-se dois subgrupos (n=30) de acordo com o bloqueador neuromuscular empregado: Subgrupo P (pancurônio - O,lmg.kg-l) e Subgrupo R (rocurônio - 0,6mg.kgO1). Após indução anestésica e injeção do bloqueador neuromuscular, os pacientes foram ventilados sob máscara com oxigênio a 100% até a obtenção de redução de 75% ou mais na amplitude da resposta do músculo adutor do polegar, quando foram realizadas as manobras de laringoscopia e intubação traqueal. A função neuromuscular foi monitorizada com aceleromiografia. Avaliaram-se: parâmetros neuromusculares (tempo de início de ação do bloqueador neuromuscular e tempo para bloqueio neuromuscular total) através da análise dos registros das respostas do músculo adutor do polegar obtidas por estimulação do nervo ulnar, com auxílio de estimulador de nervo periférico (TOF-GUARD); condições de intubação traqueal; pressão arterial média e fteqüência cardíaca. No grupo 1,subgrupos P e R, os tempos para início de ação foram, respectivamente, 159,33 :t 35,22 e 83,0 :t 17,25 segundos. No grupo lI, subgrupos P e R, foram 77,83 :t 9,52 e 48,96 :t 10,16 segundos, respectivamente. Os tempos para obtenção de bloqueio neuromuscular total foram 222,0 :t 46,56 e 125,33 :t 20,12, no Grupo 1,subgrupos P e R, respectivamente.No grupo lI, foram de 105,96:t 18,58 e 59,83 :t 10,36 segundos nos subgrupos P e R respectivamente. Nos dois subgrupos, os tempos de início de ação e para bloqueio neuromuscular total foram significativamente menores no Grupo II em relação ao Grupo I. As condições de intubação traqueal foram satisfatórias em 117 pacientes (97,5%) e insatisfatórias em 3 (2,5%). No estudo experimental foram utilizados ratos machos da linhagem Wistar, com peso entre 250 e 300g. As preparações foram montadas de acordo com a técnica descrita por BULBRING (1946). O diafTagma foi submetido à estimulação indireta de 0,1 e 1Hz de :freqüência (Grupos I e II, respectivamente) e as variações de tensão produzidas pelas contrações do diaftagma foram registradas em fisiógrafo Gould RS 3400. Formaram-se subgrupos (n=5) PE e RE de acordo com o bloqueador neuromuscular empregado (pancurônio-2J.1g/rnle rocurônio-4J.1g/rnl,respectivamente). O grau de bloqueio das respostas do músculo diaftagma foi avaliado em 5, 15 e 30 minutos após a adição do bloqueador neuromuscular. Nos dois grupos (Grupo I - O,lHz e Grupo II - 1Hz) e subgrupos PE (pancurônio) e RE (rocurônio), observou-se um aumento cumulativo nos graus de bloqueio das respostas musculares com diferença significativa entre os diferentes tempos estudados em relação à resposta muscular controle. Nos dois subgrupos, a comparação dos valores médios dos graus de bloqueio nos diferentes tempos estudados entre os dois grupos também mostrou diferença estatisticamente significante. Para as duas drogas, os graus de bloqueio neuromuscular para o Grupo II foram maiores do que para o Grupo I, em todos os instantes (p <0,01). Concluímos que, tanto no estudo clínico como no experimenta~ a freqüência de estímulo empregada interfere no tempo de instalação do bloqueio neuromuscular: tempo de início de ação e de bloqueio neuromuscular total menores com a maior freqüência nos dois subgrupos

ASSUNTO(S)

junção neuromuscular bloqueadores neuromusculares transmissão neuromuscular

Documentos Relacionados