Impacto das alterações bucais na qualidade de vida de pré-escolares de Belo Horizonte, Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

13/07/2011

RESUMO

Este estudo teve como objetivos avaliar o impacto das alterações bucais na qualidade de vida de pré-escolares Brasileiros e de suas famílias e conhecer a atuação de fatores socioeconômicos e da percepção em saúde dos pais/responsáveis como possíveis determinantes do impacto na qualidade de vida. Para tanto, foram realizados um estudo transversal (n=1632) e um estudo caso-controle (n=31 casos; n=124 controles), ambos de base populacional, com responsáveis por crianças de 5 anos de idade matriculadas em creches e pré-escolas de Belo Horizonte, Minas Gerais. Adotou-se o pareamento por gênero, tipo de escola, idade e escolaridade dos responsáveis e renda mensal da família. As variáveis de desfecho e de exposição foram o impacto na qualidade de vida da criança e a presença de lesão de cárie dentária não tratada, respectivamente. O exame clínico das crianças foi realizado por um único examinador, previamente calibrado. Avaliou-se cárie dentária, maloclusão, traumatismo dentário e defeito de desenvolvimento de esmalte. Os responsáveis foram convidados a preencher um formulário contendo dados sócio-demográficos e um questionário sobre a Qualidade de Vida Relacionada à Saúde Bucal (Oral Health-Related Quality of Life OHRQoL) de crianças na idade pré-escolar (Early Childhood Oral Health Impact Scale versão brasileira - B-ECOHIS). As análises univariada e multivariada dos dados foram realizadas através do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS - versão 15.0). Os resultados do estudo transversal demonstraram que para a subescala impacto na qualidade de vida da criança as variáveis que repercutiram negativamente na qualidade de vida foram: experiência de cárie dentária (RP=2,18; IC95%: 1,88-2,52), posição da criança na escala de filhos (RP=1,20; IC95%: 1,04-1,39), tipo de escola da criança (RP=1,36; IC95%: 1,10-1,69), idade dos responsáveis (RP= 1,18; 95%IC: 1,04-1,34), renda mensal da família (RP= 1,48; 95%IC: 1,18-1,85) e percepção da saúde geral da criança (RP= 1,26; 95%IC: 1,06-1,51). Na subescala impacto na qualidade de vida da família, verificou-se que o impacto negativo na qualidade de vida esteve associado à experiência de cárie dentária (RP= 3,40; 95%IC: 2,83-4,08), idade dos responsáveis (RP= 1,16; 95%IC: 1,01-1,33) e renda mensal da família (RP= 1,41; 95%IC: 1,16-1,72). O estudo caso controle mostrou que a prevalência de um ou mais dentes cariados não tratados foi maior no grupo caso (71,0%) em relação ao grupo controle (18,5%) (p<0,001). Crianças com pelo menos um dente cariado apresentaram maior chance de impacto negativo na qualidade de vida quando comparadas àquelas livres de cárie dentária (OR=10,73; 95%IC: 2,37-26,35). A cárie dentária foi o único critério normativo que repercutiu negativamente na qualidade de vida das crianças e famílias. Crianças com pelo menos um dente cariado demonstraram maior chance de apresentar impacto negativo na qualidade de vida quando comparadas àquelas livres de cárie dentária. Famílias menos favorecidas economicamente e cujos responsáveis eram mais jovens apresentaram maior impacto na qualidade de vida. Quando os responsáveis percebiam a saúde geral da criança como ruim a qualidade de vida da criança apresentava escores mais baixos.

ASSUNTO(S)

saúde bucal - crianças - teses odontopediatria - teses cáries dentárias em crianças - teses qualidade de vida decs inquéritos de qualidade de vida decs indicadores de qualidade de vida decs atenção primária à saúde decs

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