Homem ou cidadão: Dificuldades da proposta pedagógico-política de Rousseau

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

20/08/2012

RESUMO

Para desenvolver a presente dissertação escolhemos seguir o pensamento de Rousseau, posto que reúne o tema educacional e o tema político dispostos de maneira a investigar a construção de uma proposta possível de formação do homem para a vida em sociedade. De início, nos deparamos com a disjuntiva apresentada por Rousseau no Emílio que dá o tom do problema a ser desenvolvido em nossa pesquisa: Fazer um homem ou um cidadão? (2004, p. 11). Essa disjuntiva introduz uma série de dificuldades a serem enfrentadas ao longo desta investigação e podem ser resumidas na relação que Rousseau estabelece entre natureza e sociedade. No primeiro capítulo faremos uma análise da figura do homem natural encontrado tanto no estado natural de isolamento, discutido à luz do Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, quanto no estado de sociedade, à luz do Emílio. A partir destas obras esperamos apresentar o conceito de homem elaborado pelo filósofo genebrino por meio dos traços originais e próprios da humanidade que, hipoteticamente, não foram desfigurados pela sociedade corrompida que ele tinha diante de seus olhos, aquela onde já não se poderia encontrar nem homens nem cidadãos. Nosso propósito é destacar que o homem natural reúne em torno de si as qualidades necessárias para uma vida íntegra e feliz, marcada, sobretudo, pela liberdade e igualdade natural entre os homens; o que lhe confere uma condição de vida superior à do homem civil encontrado na sociedade corrompida. Rousseau é muito crítico à corrupção moral e política da sociedade moderna, posto que a considera como degeneração ou desfiguração do humano, tal como apresenta em sua análise da estátua de Glauco. A fim de aprofundar esta discussão, o segundo capítulo se esforça por teorizar sobre a figura do cidadão discutindo, fundamentalmente, as condições de legitimidade da vida social e política em contraposição à figura do burguês, que representa a degeneração do homem no estado civil. Tomando como base de análise o Contrato Social, ou princípios do direito político, buscaremos trazer ao palco da sociedade civil o cidadão legítimo, a salvo do possível processo de corrupção a que está sujeito quando mal conduzido para o estado civil. Entre o homem natural e o homem civil, existem descontinuidades a serem esclarecidas para que possamos cumprir com o propósito de Rousseau que, em nossa opinião, está em formar o cidadão em consonância com a formação do homem. A tarefa formacional não se mostra das mais simples, leva em conta transformar a natureza humana para fazer do homem, que é um todo em si mesmo, um cidadão, que é parte de um todo maior. Tal empreendimento compete à educação no sentido de fazer do homem um ser moral e livre, e ao mesmo tempo integrado ao corpo político e comprometido com suas leis, compete à política trazer para a esfera jurídica a liberdade e a igualdade outrora desfrutadas no estado de natureza. Finalizaremos esta dissertação apresentando nosso entendimento acerca daquilo que consideramos ser uma importante contribuição do pensamento pedagógico-político de Rousseau: que natureza e sociedade possam ser compreendidas, segundo a ótica rousseauniana, como instâncias solidárias que compõem o homem em sua plenitude e autenticidade, alçando-o à condição civil na figura do cidadão legítimo

ASSUNTO(S)

rousseau, homem natural homem civil sociedade educação e política filosofia rousseau, natural man civil man society education and policy

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