Histoquímica e prospecção de compostos produzidos por Senna alata (L.) Roxb. com potencial atividade alelopática / Histochemistry and prospection of compounds produced by Senna alata (L.) Roxb. with potential allelopathic activity

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Um dos aspectos mais explorados da alelopatia, em ecossistemas manipulados, é o seu papel na agricultura. Atualmente, o potencial alelopático de várias plantas tem sido avaliado como um dos métodos de controle alternativo, reduzindo o intensivo uso de herbicidas sintéticos. Em observação de campo, de indivíduos da espécie Senna alata (L.) Roxb., verificou-se um crescimento vegetativo rápido com tendência a formação de estandes puros, sendo esta uma evidência de alelopatia. Objetivou-se, neste estudo, a identificação, por testes fitoquímicos, das principais classes de compostos potenciais aleloquímicos, encontradas nas diferentes estruturas desta espécie; a avaliação da atividade potencial autotóxica e alelopática dos extratos provenientes de tais estruturas, sobre a germinação de sementes e o alongamento inicial de plantas de áreas de pastagens cultivadas da região Amazônica; a prospecção das substâncias químicas na estrutura com maior atividade alelopática inibitória de S. alata; estudos anatômicos das folhas e testes histoquímicos para a localização e identificação dos aleloquímicos nas células do mesofilo. O material vegetal foi coletado de plantação em Campo Experimental da Embrapa Amazônia Oriental, Belém, PA, Brasil, seco em estufa e submetido à extração exaustiva com solvente hidrometanólico (3:7), por sete dias para obtenção dos extratos brutos. Nos testes fitoquímicos, foram comparadas duas metodologias distintas para a determinação das principais classes de constituintes potenciais aleloquímicos das diferentes estruturas (caules, flores, folhas, raízes, sementes e vagens) de S. alata: testes por cromatografia em camada delgada (CCD) e ensaios para a detecção preliminar dos diferentes constituintes químicos, baseado na extração destes com solventes apropriados e na aplicação de testes de coloração. Para o exame prévio de seu potencial alelopático e autotóxico, utilizaram-se extratos hidrometanólicos das diferentes estruturas sobre a germinação de sementes e o alongamento da radícula e hipocótilo de duas espécies daninhas de áreas de pastagens: Mimosa pudica e Senna obtusifolia, da forrageira Pueraria phaseoloides e da própria S. alata. Para a prospecção, isolamento e identificação dos compostos presentes nas folhas de S. alata e seus testes sobre as espécies: M. pudica, S. obtusifolia e S. alata, o extrato bruto foi fracionado via cromatografia de adsorção em coluna, sendo as frações mais puras submetidas à espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear de hidrogênio e de carbono 13 para a determinação das estruturas de suas moléculas. Para as análises anatômica e histoquímica das folhas foram utilizadas técnicas usuais em anatomia vegetal. Os resultados da fitoquímica de ambos os métodos demonstraram pouca semelhança, sendo a CCD o mais simples, barato e rápido. Nestas primeiras análises, foi comprovada a alta diversidade de compostos químicos presentes em S. alata. Nos testes preliminares alelopáticos e autotóxicos, os resultados indicaram que o sítio de maior biossíntese de aleloquímicos em S. alata está situado em suas folhas, e os efeitos autotóxicos dos extratos das frações desta espécie são somente percebidos no crescimento inicial da plântula, afetando em maior parte o seu sistema radicular. A espécie mais sensível, no geral, foi a congenérica S. obtusifolia. No fracionamento das substâncias existentes nas folhas de S. alata foi encontrado em uma fração mais polar, compostos da classe dos flavonóides glicosilados, cujo núcleo aromático foi identificado por RMN como kaempferol. Nos bioensaios alelopáticos observou-se, novamente que a espécie mais sensível, foi S. obtusifolia, confirmando os resultados preliminares. Também, mais uma vez S. alata mostrou ser a mais tolerante aos efeitos autotóxicos da fração polar. E finalmente nos ensaios anatômicos e histoquímicos as folhas apresentaram duas formas de tricomas: tectores e glandulares. As principais características da espécie foram: lâmina foliar anfiestomática, com estômatos paracíticos, mesofilo dorsiventral e presença de compostos fenólicos. As folhas são ricas em cristais de oxalato de cálcio ao longo de suas nervuras e compostos fenólicos, tais como flavonóides e antraquinonas, em diferentes células.

ASSUNTO(S)

chemical ecology produtos naturais allelopathy natural produtcs fitotecnia alelopatia ecologia química

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