HIPERMOBILIDADE ARTICULAR GENERALIZADA EM INDIVÍDUOS COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR / GENERALIZED JOINT HYPERMOBILITY IN INDIVIDUALS WITH TEMPOROMANDIBULAR DYSFUNCTION

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A disfunção temporomandibular (DTM) abrange uma variedade de problemas clínicos que atingem a articulação temporomandibular, músculos mastigatórios e estruturas associadas. A hipermobilidade articular generalizada (HAG) é uma condição sistêmica que tem sido considerada como fator contribuinte para o desenvolvimento de sinais e sintomas da DTM, porém, não existe um consenso sobre essa relação. Este estudo teve como objetivo verificar a prevalência de HAG em indivíduos com DTM e assintomáticos e sua relação com aspectos clínicos/psicossociais e a atividade elétrica dos músculos mastigatórios. Foram avaliados 61 voluntários do gênero feminino (34 indivíduos com DTM e 27 assintomáticos), com idades entre 18 e 35 anos, diagnosticados com e sem DTM pelo Inventário Critérios de Diagnóstico para Pesquisa de Desordens Temporomandibulares (RDC/TMD). Os participantes foram avaliados quanto à presença HAG pelo Escore de Beighton. O exame eletromiográfico dos músculos masseter e temporal anterior foi realizado, bilateralmente, em situação de repouso mandibular, máxima intercuspidação e mastigação. Verificou-se presença de HAG em 64,71% indivíduos com DTM e 40,74% no grupo de assintomáticos. Foi observada correlação positiva moderada entre os escores de HAG e a amplitude de abertura bucal passiva (p=0,0034), com dor (p= 0,0029) e sem dor (p=0,0081) no grupo com DTM. Neste grupo, os indivíduos com HAG apresentaram maiores valores de amplitude de movimento mandibular, exceto para a protrusão. Houve amplitude de abertura com dor (p=0,0279) significativamente maior no grupo com DTM e HAG. Múltiplos diagnósticos estiveram presentes na maioria dos indivíduos com DTM, sendo que todos apresentaram dor miofascial e 91,12% algum comprometimento articular, especialmente artralgia (79.41%). Desordens discais estiveram presentes em 41% dos sujeitos. Elevados percentuais de depressão e sintomas físicos não específicos foram observados em indivíduos com DTM, independente da presença de HAG. Na avaliação eletromiográfica, observaram-se maiores níveis de atividade elétrica de repouso dos músculos temporais em relação aos masseteres nos indivíduos com DTM, com significância estatística para o músculo temporal esquerdo (p=0,0352). Os voluntários com DTM e HAG apresentaram maiores valores de RMS dos músculos mastigatórios em relação aos indivíduos sem hipermobilidade, com valores em níveis de hiperatividade para os músculos temporais e significância estatística para os músculos masseter direito (p=0,0232) e esquerdo (p=0,0129). Na mastigação, maior atividade EMG foi registrada no grupo controle, com diferença significativa para o músculo temporal direito (p=0,0286), porém não houve diferença significativa quanto à presença de HAG. A partir destes resultados, conclui-se que indivíduos com DTM associada ou não à HAG não diferem quanto aos aspectos clínicos e psicossociais avaliados, exceto quanto à amplitude de movimento de abertura mandibular. A atividade elétrica parece ter sido influenciada pela HAG. O nível mais elevado de atividade elétrica de observada nos sujeitos com HAG sugere que a instabilidade articular possa levar à dificuldade na modulação da contração muscular para manutenção da posição de repouso mandibular.

ASSUNTO(S)

electromyography hypermobility eletromiografia desordem temporomandibular hipermobilidade fonoaudiologia temporomandibular disorders

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