Helena Antipoff, as Sociedades Pestalozzi e a educação especial no Brasil

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Neste estudo, analisamos a trajetória de Helena Antipoff, visando compreender sua participação, bem como de instituições criadas por ela, na constituição da Educação Especial no país. Investigamos desde os primeiros estabelecimentos educacionais especializados até a criação do Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), em 1973, apresentando o contexto em que as idéias e práticas de Antipoff foram introduzidas no cenário nacional e os condicionantes que permitiram a permanência das mesmas. Trata-se de uma pesquisa fundamentada em fontes documentais, na qual lidamos com a Educação Especial, tomando como referência a Educação em geral e os diferentes contextos históricos, com suas particularidades sociais, políticas e econômicas no Brasil. Inicialmente, apresentamos a trajetória da psicóloga e pedagoga russa Helena Antipoff, destacando os princípios teóricometodológicos da sua formação e as motivações para sua vinda para o país, em 1929. No segundo capítulo, tratamos da história da Educação Especial brasileira, apresentando suas primeiras instituições, a influência dos movimentos da Escola Nova e da Higiene Mental na configuração das demandas pela educação especializada e, ainda, as principais ações direcionadas aos excepcionais nas primeiras quatro décadas do século XX. No terceiro capítulo, relacionamos as ações de Antipoff em Minas Gerais com o contexto histórico brasileiro das décadas de 1930 e 1940 e avaliamos as motivações que levaram a educadora a criar instituições para atender aos excepcionais. No quarto capítulo, investigamos os elementos que condicionaram a ida de Helena Antipoff para o Departamento Nacional da Criança, no Distrito Federal, a partir de 1945, a sua atuação nesse departamento e a criação das Sociedades Pestalozzi do Brasil (1945) e do Estado do Rio de Janeiro (1948). No capítulo V, analisamos as edições dos Seminários sobre a Infância Excepcional, coordenados pelas Sociedades Pestalozzi (1951, 1952, 1953, 1955), para compreender a disseminação das idéias da educadora no país. No último capítulo, verificamos as iniciativas do poder público federal na década de 1960 e começo dos anos de 1970, no que se referiu à Educação Especial, com o intuito de identificar o grau de influência das proposições de Helena Antipoff nesse âmbito. Concluímos que as ações empreendidas por ela no Brasil, com a criação das Sociedades Pestalozzi (1932 MG; 1945 DF; 1948 RJ; 1952 SP; 1954 BA; 1955 GO), foram fundamentais para fazer emergir a problemática da educação dos excepcionais. Essas instituições atuaram no sentido de informar a população sobre os tipos de anormalidade e as possibilidades de atendimento, formar profissionais especializados e, ainda, reivindicar recursos públicos para financiar programas concernentes ao campo. Esse processo culminou na realização dos quatro Seminários sobre a Infância Excepcional, cujos desdobramentos influenciaram o governo federal, que estabeleceu: - as Campanhas Nacionais de Educação, introduzindo a temática da educação dos excepcionais; - a inclusão da Educação Especial na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei _ 4024/61); - a instituição da Semana Nacional do Excepcional (1964). Esse quadro retrata a demanda concreta pela institucionalização da Educação Especial, em nível nacional, o que não se concretizou, de maneira autônoma à Educação brasileira, até o início da década de 1970. Foi somente no bojo da implementação da Lei _ 5692/71, cuja meta era a universalização do ensino, em geral, de 7 a 14 anos, que a Educação Especial foi incluída no Plano Setorial de Educação (1972-1974), por meio do Projeto Prioritário _ 35. Tal projeto foi elaborado sob a influência do que vinha sendo realizado no campo da Educação do Especial no Brasil, principalmente pelas Sociedades Pestalozzi, mas recebeu significativa influência dos acordos MEC-USAID e das determinações da ONU para o setor. Foi para executar esse projeto que se criou CENESP.

ASSUNTO(S)

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