Grande Otelo: um pícaro na cena brasileira

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

22/05/2012

RESUMO

O presente trabalho parte de um olhar sobre a história de vida e da arte praticada pelo ator Grande Otelo (1915-1993) e, para isso, levanta dados sobre a sua atuação em Companhias de teatro de meados do século XX, como também sua passagem pelo teatro de revista, espaço que, sob o foco dessa dissertação, configurou-se como laboratório prático no exercício de atuação. Seu trabalho atoral nasce pela intensa relação que mantinha com o público, desde o momento em que, perambulando pelas ruas, declamava e realizava pantomimas, até quando de sua consolidação como ator, passa a atuar no teatro e cinema. Nesse trajeto, desenvolveu técnicas para composição de personagens, como o tipo malandro quando ator do teatro de revista. Em 1935, Grande Otelo tem sua primeira experiência no cinema, no filme Noites Cariocas; anos depois faria uma dupla cômica com Oscarito, na Atlântida, empresa cinematográfica que trouxe certa popularidade para sua carreira; atuou em um total de mais de 115 filmes. Carregou sua formação artística para esse gênero que, à época, ficou conhecido como chanchada. Utilizando-me do termo, adentro com mais precisão nos objetivos gerais, com a descrição e apreciação da atuação cômica do ator em três filmes, Matar ou correr (1954), Garota enxuta (1959) e Vai que é Mole! (1960), os quais reatualizam alguns elementos constituintes do teatro de revista e da comédia de costumes, como o enredo, a intriga e a retomada de personagens tipos. Nesses filmes, há ainda a inclusão de personalidades conhecidas na época, como os astros do rádio, pois era o meio de comunicação mais popular apesar de, nos anos posteriores, o cinema tomar esse lugar e passar a ser preferência do grande público. Somados a essa atualização dos elementos constituintes do teatro, há a seleção de um discurso parodístico do qual, via atuação voltada para um realismo grotesco, nasce uma critica à dominação americana do mercado cinematográfico Para sustentar as leituras que primam em apontar as recorrências cômicas, encontradas nos personagens tipos realizados pelo ator Grande Otelo, como repetição, alogismo, disfarce, entre outros caracteres que auxiliam em efeitos cômicos, respaldo-me em estudos sobre a comicidade realizados por Henri Bergson (1980) e Vladimir Propp (1992), os quais sistematizaram as causas do riso; e em Mikhail Bakhtin (2010) sobre o paródia e seus desdobramentos, como a carnavalização, o realismo grotesco e diálogo entre textos que, especificamente, provocam um riso ambivalente e propõem um senso crítico em relação aos filmes parodiados.

ASSUNTO(S)

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