Fatores preditivos para não-adesão ao tratamento com terapia anti-retroviral altamente eficaz nos casos de HIV/AIDS

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

A literatura tem mostrado que há relação entre a baixa adesão da pessoa com HIV / AIDS ao tratamento com a terapia anti-retroviral altamente eficaz (HAART), o desenvolvimento de resistência viral e a falência terapêutica. Por outro lado, o enfermeiro, como membro da equipe multiprofissional, tem um papel primordial na promoção da adesão ao tratamento. Assim, este estudo teve como objetivo verificar se alguns fatores relatados pela literatura para a não-adesão ao tratamento eram preditivos deste comportamento nos clientes soropositivos para HIV/AIDS atendidos na Unidade Leito-Dia em AIDS (LD) do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na cidade de Campinas, SP, Brasil. Realizou-se um estudo analítico de prevalência. Dos 79 clientes inscritos na Unidade LD, 60 eram elegíveis e foram entrevistados no mês de março de 2002. Os indivíduos foram considerados aderentes a partir de dois diferentes pontos de corte: tomada de 80% ou mais e 95% ou mais do total de comprimidos prescritos, nos três dias anteriores à entrevista. Foi feita análise univariada dos fatores preditivos para a não-adesão à HAART através dos testes Qui-Quadrado, Exato de Fisher e Mann- Whitney; análise univariada de regressão logística e multivariada, de regressão logística, com seleção por "Stepwise". Obteve-se como resultados: predomínio da raça branca (39 ou 65%) e da faixa etária de 30 a 39 anos (30 ou 50%); a relação homem/mulher foi de 2:1 e 44 (73,3%) clientes referiram ser heterossexuais. Quanto à escolaridade, a média foi de 7,25 (DP: 4,30) anos de estudo. Pelo critério de 95%, utilizando a análise univariada de regressão logística, houve associação entre a adesão e as seguintes variáveis: idade, efeito colateral, raça, escolaridade e número total de comprimidos prescritos/dia (tendência). A análise de regressão logística multivariada com seleção por "Stepwise" indicou que: raça, efeito colateral e número total de comprimidos prescritos/dia, conjuntamente são preditoras para não-adesão. Assim, os indivíduos da raça negra apresentaram 6,48 vezes mais risco de não-adesão; aqueles que apresentaram ausência de efeito colateral tiveram um risco de 7,6 vezes e a cada comprimido a ser ingerido o risco aumentou em 12%, ou seja, o risco foi de 1,12, podendo-se dizer também que o risco é de 3,2 (1,1 - 9,7) a cada 10 comprimidos. Os achados indicam perspectivas de pesquisas futuras e evidenciam a necessidade de se aprofundar a investigação dos fatores preditivos para a não-adesão à HAART encontrados neste estudo para melhor compreensão, bem como, reproduzir este estudo em outras populações

ASSUNTO(S)

diagnostico de enfermagem doenças cronicas enfermagem

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