Fatores determinantes da adesão ao tratamento fonoterapêutico de crianças com necessidades especiais.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Este estudo teve como objetivo Investigar a percepção dos cuidadores sobre os fatores determinantes de adesão ao tratamento fonoterápico de crianças portadoras de necessidade especiais. Caracteriza-se como um estudo qualitativo, descritivoexploratório e tem, como cenário, a clínica escola AME, situada em Belo Horizonte /Minas Gerais, instituição que presta assistência a crianças carentes com necessidades especiais. Os sujeitos da pesquisa são 11 familiares (dez mães e um pai) responsáveis pelo cuidado diário das crianças. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista semiestruturada, grupo focal, diário de campo do participante e diário de campo da pesquisadora, sendo utilizada a análise de discurso para tratamento dos dados coletados. Da análise dos discursos, emergiram sete temas com suas respectivas categorias: Processo de descoberta do problema da criança: ao nascimento, ao longo do tempo, por percepção da família, por informação dos profissionais de saúde; Reações frente ao diagnóstico e ao longo do tempo: susto/ choque, desespero / revolta, negação, tristeza, aceitação, receio, fé e religiosidade; Conseqüências do diagnóstico para a família: na relação com a criança, na relação do casal, na relação com os outros filhos e a família estendida, na rotina familiar; Dificuldade com a criança: no cuidado diário, no tratamento; Percepções quanto à participação no tratamento fonoterápico: do familiar cuidador, do companheiro (a), dos irmãos; Fatores dificultadores da continuidade da estimulação fonoterápica: acúmulo de atividades, levar para o tratamento, interferência de terceiros; Fatores facilitadores da continuidade da estimulação fonoterápica: crença na recuperação e apoio das pessoas, dos familiares e dos profissionais de saúde. Os resultados deste estudo demonstram a importância da forma como os pais tomam ciência do problema da criança e as conseqüências do diagnóstico na organização familiar e na relação com a criança, gerando atitudes de dedicação exclusiva e superproteção da criança; interferindo nas relações familiares com fortalecimento do vínculo ou aumento de conflito do casal; afastamento social da família, modificação da rotina familiar, abandono dos demais filhos, sobrecarga física e emocional. Os participantes relataram pouca participação familiar no tratamento com sobrecarga do cuidador principal, ao mesmo tempo em que destacaram o valor do apoio familiar, social e dos profissionais de saúde. Foram citados, como dificultadores do tratamento, a dificuldade de posicionamento da criança, a insegurança na realização da técnica, o levar a criança à clínica, sobretudo pelo transporte, e o acúmulo de atividades domésticas com as do tratamento. Como facilitadores, foram citados a crença na recuperação da criança e o apoio familiar, social e profissional. O estudo revela a relevância do envolvimento afetivo e do apoio, não somente do familiar cuidador, mas também dos demais membros da família, da comunidade e dos profissionais de saúde, para se otimizar a estimulação da criança, possibilitando uma melhor evolução fonoterapêutica. Recomenda-se a adequação do tratamento fonoaudiológico considerando-se a circunstância de cada família e as potencialidades de cada paciente, estabelecendo-se uma relação de diálogo entre terapeuta, família e paciente, além da criação de redes sociais de apoio e do reforço das já existentes.

ASSUNTO(S)

fonoterapia decs crianças portadoras de deficiência decs dissertação da faculdade de medicina ufmg dissertações acadêmicas dec relações familiares decs pediatria teses. cuidadores/psicologia decs aceitação pelo paciente de cuidados de saúde decs

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