Faringolaringoesofagectomia total transmediastinal com anastomose faringogastrica : contribuições tecnicas e analise de complicações

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1997

RESUMO

Trinta pacientes com tumores faringoesofãgicos foram submetidos a faringolaringoesofagectomia transmediastinal e anastomose faringogástrica, com o objetivo de analisar contribuições à técnica cirúrgica e correlacionar os procedimentos com as complicações. A maioria dos pacientes tinham entre 50 e 60 anos, apresentando sinais e sintomas de obstrução do trato aerodigestivo alto, emagrecimento, estadiamentos avançados e história de tratamentos prévios. Inicialmente foram diagnosticados trinta e um carcinomas, sendo 15 em esôfago cervical, 12 em hipofaringe, três em laringe e uma recidiva de carcinoma folicular de tireóide. A técnica cirúrgica foi ilustrada, com ponderações pessoais em cada etapa. Para a análise estatística foram defuridas duas variáveis de complicações, segundo critérios de gravidade: complicações graves e não-graves. Os dados cirúrgicos com importância nas complicações revelaram um tempo médio de duração da cirurgia de 5,4 horas; sangramento médio de 880 mililitros; invasão de traquéia em 42,8%; do nervo recorrente em 46,5%; de regiões adjacentes pelo tumor primário em 78,5%; e necessidade de .esvaziamentos cervicais em 46,6% dos pacientes (com positividade em 71,4%). Esvaziamentos mediastinais foram realizados em todos, mas os linfonodos puderam ser analisados somente em 23 pacientes (com positividade em 52,2% dos mesmos). Quatro pacientes (13,3%) necessitaram de retalhos miocutâneos. Um foi submetido primariamente a traqueostomia mediastinal, e dois outros necessitaram de traqueostomias mediastinais no pós-operatório, em virtude de complicações. Além disso, 40% dos pacientes foram submetidos a traqueostomias mediatinais nãoverdadeiras . Em cinco pacientes (16,6%) a ressecção traqueal foi considerada extensa (mais de 4cm ), e, em três dos mesmos a ressecção traqueal foi próxima da carina. Tireoidectomias totais foram feitas em dez pacientes (33,3%), tireoidectomias parciais em 16 (53,3%), e três tiveram as tireóides preservadas (10%). A anastomose faringogástrica foi realizada manualmente em 27 pacientes, e com sutura mecânica circular em outros três. O anatomopatológico revelou que 93,5% dos tumores estendiam-se para fora do órgão de origem, mas as margens foram negativas em 27 pacientes. Foram encontrados 480 linfonodos cervicais, com positividade em 15,6% e invasão extracapsular em oito dos 14 pacientes submetidos a esvaziamentos cervicais (57%). Também foram encontrados 145 linfonodos mediatinais, com positividade em 23,5% e invasão extracapsular em seis de 23 pacientes avaliados ( 26%). Foram encontrados 19 tumores multicêntricos, além dos 30 tumores primários para os quais foram indicados OS procedimentos, gerando uma multicentridade de 38,7%. Dos 19 tumores multicêntricos, dez (33,3%) foram smcronos, cinco ( 16,6%) foram meticronos anteriores, e quatro (13,3%) foram meticronos posteriores. A distribuição dos 49 tumores encontrados no históriC() destes pacientes revelou que a localização mais frequente foi em esôfago ( 44,8%), seguido de hipofaringe (30,6%). Quanto à permanência hospitalar, 64% dos pacientes obtiveram alta em até 20 dias. O seguimento médio foi de 19,5 meses, com variação de 4 a 97 meses. Seis pacientes (20%) representaram a mortalidade cirúrgica; três foram perdidos de seguimento entre quatro e oito meses (10%); três foram a óbito por causas não relacionadas à doença inicial (10%); quatro são sobreviventes de longo prazo (13,3%); e 14 foram a óbito por recidivas ou metástases (46,6%). Dos pacientes que foram a óbito por doença, 64,2% o foram por metástases à distância exclusivas (mais frequente em figado e pulmão), e apenas 14,2% por recidiva regional exclusiva, indicando um alto índice de controle locoregional da doença. O fator prognóstico mais importante na comparação com os sobreviventes foi a presença de invasão extracapsular em 66,6% dos pacientes com óbitos por doença e em 0% dos sobreviventes. A análise da qualidade de vida dos sobreviventes à cirurgia revelou que apenas dois destes não tiveram paliação adequada, em termos de alimentação. As complicações locoregionais mais importantes foram: traqueÍte seca (26,6%); infecção cervical (26,6%); fistula faringocutânea (13,3%); ruptura de vasos (13,3%); necrose importante de traquéia ( 6,6%); e quilotórax ( 6,6%), muitas destas associadas entre si. As complicações sistêmicas mais importantes foram: pneumonia (26,6%); sepse ou bacteremia (16,6%); embolia pulmonar (3,3%); e insuficiência hepática (3,3%), a maioria também associadas com complicações locoregionais. As complicações pós-operatórias tardias mais importantes foram: estenose de estoma (6,6%), hipoparatireoidismo persistente (56,5%), e obstrução de estoma traqueal por rolha de secreção (3,3%). As causas imediatas da mortalidade hospitalar, considerando-se os seis óbitos pósoperatórios foram: ruptura de artéria inominada em dois pacientes (33,3%); ruptura de artéria carótida; pneumonia; arritmia cardíaca; e embolia pulmonar ( respectivamente um paciente para cada complicação: (16,6%). Estas causas imediatas estavam em geral associadas à infecções (cinco pacientes); complicações traqueais graves (dois pacientes); fistulas quilosas (dois pacientes); e fistula faringocutânea (um paciente). A análise dos resultados desta série permite concluir que: a - a invasão de parede posterior da traquéia não constitui contra-indicação ao procedimento; b - a anaston;tose faringogâstrica com grampeador mecânico é uma alternativa técnica válida; c - a conservação de cerca de dois centimetros de pele ao nível de manúbrio facilita a reconstrução da parede posterior do estoma traqueal. Conclui-se também, que, de todas. variáveis analisadas quanto à associação com complicações graves e não-graves, verificou-se associação estatisticamente significante Com: tabagismo; DPOC; localização do tumor primário; realização de esvaziamentos cervicais; ressecção traqueal extensa; realização de procedimentos elaborados para proteção de vasos; e permanência hospitalar

ASSUNTO(S)

esofago carcinoma faringe cirurgia - tecnica

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