Ex-crever? literatura, linguagem, tecnologia

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

ex-Crever? literatura, linguagem, tecnologia estuda como a mediação afeta a escrita. O trabalho entrelaça textos que, apesar da aparente autonomia, revelam por meio da disposição gráfica a trama polifônica em que estão inseridos. Diferentes tipo de letra, tons de cinza, citações em forma de apropriação do livro original, telas capturadas que incorporam textos escritos em momentos diferentes da pesquisa. Escrita organizada a partir das marcas visíveis dessa polifonia, quebra da ilusão de que o texto continua, por ser o suposto registro de uma voz unívoca. Texto que procura entre suas páginas um tipo de escrita posterior à escrita verbal que predominou durante a cultura impressa. Ao invés de usar marcas textuais para construir um efeito de coerência, usa recursos gráficos para construir visualmente um espaço que revela como todo texto é sempre perfurado por outros textos. ex-Crever? discute, entre outros, os seguintes temas: as misturas que caracterizam a cultura contemporânea descrita por termos como hibridismo, mestiçagem e o recente remix; as formas de escrita experimental, nos mais diversos suportes, com especial atenção para exemplos desenvolvidos com tecnologias digitais; as relações entre poesia e tecnologia, observando especialmente a influência da tecnologia na escrita; e as relações entre linguagem digital e vídeo, importantes no momento em que surge o DVD e a internet de banda larga se populariza. No contexto de uma cultura da reciclagem, possível na medida em que os computadores pessoais funcionam como samplers multimídia, o trabalho se defronta com um tipo de relação entre que expande o domínio da intertextualidade e da intersemiose. Trata-se da sampleagem, citação em que a materialidade do signo de partida encarna no texto de chegada. A sampleagem é o processo semiótico dos tempos do transplante de órgãos, em que os corpos sobrevivem com pedaços de outros corpos costurados em seu tecido. Da mesma forma, a programação, o tipo mais estrutural dentre os vários remixes analisados, é o processo semiótico dos tempos das células tronco, em que se vislumbra a possibilidade de reprogramar o código genético para mudar o funcionamento do corpo. Ambos permitem uma escrita por meio de sons e imagens não autorais. Nesse sentido, indicam o trajeto possível da literatura, numa cultura em que o texto conforme a cultura impressa o entendia é cada vez menos comum. Mas será o volume impresso suficiente para essa reflexão? No DVD anexo, o estudo de interface Minha terra tem palms desloca a discussão para a tela do computador, tentando entender por meio de seus próprios recursos um pouco do que quer e do que pode a linguagem digital.

ASSUNTO(S)

literature literatura comunicacao communication linguagem e línguas semiotics comunicação escrita digital linguagem digital

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